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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CASQUEAMENTO DE EQUINOS Introdução Quando as unhas dos seus pés estão muito compridas, você se sente desconfortável e não consegue andar direito. O mesmo acontece com os bovinos, caprinos, eqüinos e outros animais quando os cascos estão muito compridos. Sem cuidados, os cascos ficam muito cumpridos, provocam dores quando os animais ficam de pé ou andam e para prevenir o mal é necessário uma serie de cuidados em especial os eqüinos que por razões são os que mais sofrem desse mal. Hoje o processo evolutivo da forma de pisar dos cavalos, aprumos - aspecto geral e desarmonias, morfologia do casco, equilíbrio do casco e anatomia dos membros, patologias do aparelho locomotor, problemas articulares, problemas de tendão bem como os de ligamentos trazem um preocupação para aqueles que se utilizam do serviço desses animais. CUIDADOS COM OS CASCOS - Limpar diariamente os cascos, especialmente o sulco e comissuras laterais da ranilha, a fim de prevenir afecções, sendo as mais comuns a podridão da ranilha e as brocas de sola ou de muralha; - O casqueamento deve ser iniciado a partir dos 2 meses de idade, principalmente quando for identificado algum tipo de desvio de aprumos. Na foto, notar a retidão dos aprumos posteriores do potrinho, em relação aos aprumos da mãe. - O casqueamento deve ser conduzido em uma periodicidade mensal, podendo ser de tres tipos: - O casqueamento de manutenção objetiva aparar os excessos de crescimento, mantendo o formato natural e o equilíbrio de sustentação dos cascos - Para aumentar a eficiencia do casqueamento podem ser utilizados o angulador de cascos e o angulador das espaduas. O mesmo ângulo medido na inclinação das espaduas deve ser verificado na inclinação das quartelas após o casqueamento dos cascos anteriores - O casqueamento corretivo tem por finalidade corrigir algum tipo de desvio de raio ósseo ou do direcionamento de cascos, sendo o mais frequente o desbalanceamento médio-lateral, que se caracteriza por um crescimento maior de um lado do casco. - O casqueamento ortopédico tem por finalidade corrigir algum tipo de traumatismo (ex.: fissura de muralha) ou de afecção ( ex.: doença do osso navicular) - O ferrageamento, deve ser efetuado em caso exclusivo de necessidade, seja para proteção dos cascos de animais que trabalham em terrenos pedregosos, para correção de desvios muito graves de aprumos, problemas ortopédicos ou para correções de irregularidades na locomoção. O ferrageamento deve ser conduzido a cada 45 dias. Casqueamento A correção de aprumo significa mudança permanente de conformação e não pode ser feita em cavalos maduros. De fato, essas tentativas de correção em eqüinos adultos causam manqueiras imediatas, assim, como, defeitos permanentes em longo prazo. Alguns problemas de conformação podem ser corrigidos em potros e os que nascem com aprumos corretos podem ser mantidos assim. Muitos potros que possuem boas pernas podem se tornar tortos por negligência ou casqueamento impróprio. O segredo de quando e como tentar corrigir pelo casqueamento é ter conhecimento das estruturas chamadas de Placas de Crescimento, que são localizadas perto do final de cada osso na perna do cavalo. Estas placas produzem células que crescem e se alinham de uma certa maneiras, quando se inicia a ossificação, que é a formação óssea. Enquanto as placas estão produzindo cartilagem, são consideradas "abertas", e uma vez que a produção pára, são denominadas "fechadas" e o crescimento pára nesse ponto. As forças sobre estas placas são muito importantes na determinação da conformação e estrutura do cavalo. Pressão normal, equilibrada e constante sobre as placas resultam em um crescimento correto. Portanto, uma pressão desequilibrada possibilita um crescimento errado. Nos casos dos potros com desvio de aprumo, às vezes, é necessário confina-los. Se ele for confinado, o membro tende a se endireitar por si próprio. Se o potro com desvio, for submetido a excessivos exercícios, como, por exemplo, correr atrás da mãe em um pasto grande, a compressão que ocorre sobre as placas excede o normal e o problema se intensifica. Quando se cuida de potros, e extremamente importante manter a pressão natural nas placas de crescimento. Para isso, o trabalho do ferrador é essencial. Antes de fazermos correções, devemos ter certeza de que o potro realmente precisa, sendo recomendado que essa análise seja realizada por um ferrador experiente ou por um médico veterinário especializado na Área de Aprumos. Um detalhe que se deve levar em conta é o fato de que não é natural para os cascos de um potro apontar direto para frente. Os cascos devem estar virados para fora entre 10 e 15 graus, bem como alinhados com a face plana do joelho. Isso porque com o desenvolvimento do tórax, as escápulas vão se distanciando uma da outra, fazendo os membros girarem para dentro. O erro é que grande parte dos criadores, veterinários, ferradores, treinadores e juízes querem que os potros estejam retos desde pequenos e fazem correções para endireita-los, o que não é natural. Quantas vezes já ouvimos dizer: "Meu potro tinha aprumos perfeitos, mas quando cresceu, as mãos (membros anteriores) viraram para dentro". O programa para se manter as pernas (membros anteriores e posteriores) ou para se corrigir desvios de conformação, envolvem três fatores: 1. Deve-se iniciar o casqueamento do potro com poucos meses de idade. Porque o fechamento das placas termina ao redor de seis meses (esse tempo é baseado em radiografias), porém elas podem se fechar antes. O crescimento é muito ativo durante os primeiros cem dias de vida e a produção de cartilagem diminui, conforme se aproxima à época em que ocorre o fechamento das placas. Isso nos leva a crer claramente que a conformação do cavalo pode ser permanente aos seis meses ou menos de idade e, aí, nenhum tipo de casqueamento ou ferrageamento mudará esse quadro. A maioria dos veterinários e ferradores recomenda o casqueamento no primeiro mês em potros normais e nos primeiros 15 dias nos quais apresentam desvios. 2. O casqueamento deve ser feito freqüentemente. Potros com até um ano de idade produzem o dobro de parede do casco que o cavalo maduro. Conforme o casco fica mais comprido, ele se quebra com maior facilidade. Se um lado co casco se quebra, ele terá um desequilíbrio e causará uma pressão desigual nas placas, podendo alterar a conformação. É recomendado casquear os potros normais a cada 15 dias até normalizar os defeitos, quando passam a ser casqueados a cada 30 dias. 3. É preciso haver um equilíbrio apropriado para o casco. Um casco bem equilibrado distribui o peso igualmente e absorve o impacto de uma maneira uniforme. Esse fator é extremamente importante e pode ser obtido em cavalos de qualquer idade. Note bem a diferença: os aprumos só são corrigidos em potros, porém a forma do casco não tem limite de idade para se efetuar as mudanças. Para se corrigir e manter o casco equilibrado é muito importante sempre deixar os talões na mesma altura, não importando o desvio que tiver. Uma prática antiga, de deixar um talão mais alto para corrigir defeitos, funciona apenas para enganar o olho e deformar o casco. Quando se deixa um talão mais alto, ele recebe mais impacto e isso força a corroa para cima e a pinça em diagonal abre, forçando as lâminas a se romperem. É importante lembrar que o casco é vivo e em constante movimento. Se pegarmos os talões com as mãos, conseguiremos movimenta-los. Imagine os cascos correndo, quando movimento deve ter nele? Um estudo realizado pela Universidade de Cornell mostra que o casco viaja a uma velocidade de aproximadamente 96 km/hora e bate no chão com o peso até uma tonelada por centímetro quadrado. Em cavalos selvagens, o choque deste impacto é absorvido pela expansão do casco, a compressão do sangue bombeando o sistema hidráulico dentro do casco e o movimento das pinças, naturalmente arredondadas. Por isso, é virtual manter a integridade das estruturas e equilíbrio do casco. As correções devem ser feitas na pinças, assim mudando a ponta de quebra, sem mudar o apoio dos talões. Se você mudar a direção do ponto de quebra, conseguirá mudar a direção do crescimento. Deve-se casquear o potro normalmente, deixando os casco planos e equilibrados. Feito isso, divide-se o casco bem no centro e grosar a pinça em linha reta, passando um (1) cm do centro, na direção que você quer conduzir o casco a crescer. Ou seja, se o casco está virado para dentro, corta-se do lado de dentro e vice-versa. Este tipo de correção funciona na maioria dos casos, se for feito quando o potro é bem novo. Em casos mais graves, será necessários o uso de ferraduras com extensão. Um casco desequilibrado está predisposto a uma manqueira, e cada vez que se casqueia, deve ser dada atenção especial ao equilíbrio. Muitos ferradores e veterinários deixam as pinças quadradas quando casqueiam potros novos. Isso força um potro de quebra centralizado, um casco mais reto e um vôo (quando o casco deixa de se apoiar no solo durante todo o movimento para frente) e aterrissagem mais balanceado. Este programa afetará as articulações da quartela para baixo. Não há nenhuma evidência de que o casqueamento corretivo influencia as articulações do joelho ou jarrete, porque existem três articulações que absorvem as mudanças antes de atingir o joelho. Os cuidados com os cascos do cavalo Um estudo feito pela América Farriers Association, associação americana que controla o trabalho sobre ferrageamento nos EUA, mostra que mais de 80% das manqueiras das partes baixas dos membros e dos cascos são causadas por "negligência e falta de cuidados". O pior é que a maioria das pessoas teria feito algo para isso não ocorresse, se soubessem que tinham problemas com seus animais. Não importa qual o propósito de se ter um cavalo, ele é um investimento. Sua vida útil ou quanto tempo você usará este animal é um retorno em longo prazo no seu investimento. Se você não se preocupar com os cuidados dos cascos, poderá perder seu investimento rapidamente. A utilidade, a performance e a resistência podem acabar, isto sem mencionar a perda de vontade de trabalhar e cooperar com você. O animal até poderá se tornar agressivo. Imagine: - Você está com os pés doloridos e mesmo assim gostaria de andar com alguém nas suas costas? - Como proprietário você precisa ter conhecimento suficiente para saber se o seu cavalo está tendo a atenção necessária. A seguir, descreve-se alguns itens para se pensar: - Os cascos crescem constantemente e precisam de atenção regularmente. Muitas pessoas deixam o cavalo sem cuidar durante vários meses e só lembram de casqueá-los, quando vão de férias e querem monta-los. Outros mandam ferrar o animal e só trocam as ferraduras quando caem. Você não pode utilizar esse tipo de manejo, sem pagar conseqüências caras no futuro. - Aprenda o máximo que puder sobre cascos. Quando mais você entender, será melhor para você, seu cavalo e ser ferrador. - Eduque seus potrinhos. É importante amansa-los, nas primeiras horas de vida, para que eles fiquem permanentes dóceis. É impossível fazer um bom casqueamento se o cavalo está pulando e dando coices. O ferrador não está sendo pago para amansar cavalos. - Não confunda a responsabilidade do ferrador com a do veterinário. Em casos de doenças, chame o veterinário e, se a doença for relacionada com o casco, o ferrador e o veterinário devem trabalhar juntos. Balanceamento dos cascos. A importância de cascos bem equilibrados na movimentação e saúde do aparelho locomotor. Julio Nottingham Editado Treinador, Consultor e Coordenador do Departamento de Esportes da ABCCMM Quando você olha um cavalo pela primeira vez, o que observa nele? Culturas equestres centenárias dizem que um cavalo deve ser olhado de baixo para cima em primeiro lugar e depois de trás para frente. Esta afirmação mostra que séculos de uso funcional do cavalo os levou a compreender que um dos quesitos mais fundamentais em um cavalo é a sustentação, e por isso temos que olhar um cavalo inicialmente de baixo para cima, afinal de contas, defeitos de aprumo, cascos desequilibrados ou desvios nos membros poderão reduzir consideravelmente seu bem estar e sua vida funcional trazendo também muitos transtornos e gastos que poderiam ser evitados. Definir parâmetros de observação para identificar um casco bem equilibrado é fundamental, pois isso vai interferir diretamente em sua movimentação e desempenho. Devemos também considerar que o balanceamento do casco é apenas um dos aspectos a serem observados no aparelho locomotor. “Os cascos são a base de todo o pilar”. Ao analisar um animal existem muitas variantes a serem consideradas, mas aqui estaremos analisando o balanceamento do casco. Para isso devemos antes aprender a identificar suas partes e então fazer a análise de todos os ângulos. De frente, de lado, por trás e por baixo, observando quando interferir e quando não interferir, afinal de contas, muitas vezes não é preciso fazer correções, mas apenas, manter, dar manutenção. Vejamos então as partes do casco que precisamos conhecer para analisar o balanceamento:
Bom Devemos traçar uma linha ao centro da canela, imaginando um corte que divida por igual os dois lados. Esta linha vai descer e passar também no eixo da quartela e ao centro da pinça do casco. Ë importante verificar também que a pinça do casco deve apontar na mesma direção que o membro. Ruim A linha referencial que corta o eixo da canela encontra desvios na quartela e/ou casco. Perceba que o casco mostrado na imagem ao lado sobra mais de um lado que do outro. Sinal de desequilíbrio. Se o problema for apenas de balanceamento poderá ser corrigido. Vendo o casco de lado – vista lateral (Eixo Z) Bom Todo cavalo nasce com suas particularidades morfológicas. Aqui devemos respeitar o ângulo natural da quartela traçando uma linha no seu eixo e outra alinhada pela muralha do casco. Esta última deverá estar paralela ao eixo da quartela. Ruim Quando o casco faz um eixo diferente, não paralelo ao eixo da quartela. Seja achinelado(demasiadamente deitado) ou encastelado (demasiadamente em pé). Entre a primeira falange, mais próxima ao solo, passando pela segunda, terceira e chegando ao boleto, temos três articulações sofrendo mais intensamente com este desvio. O desequilíbrio também vai causar deformidades no crescimento do casco e muitas vezes a quebra das bordas. Olhando o casco lateralmente podemos visualizar o balanceamento antero - posterior onde devemos equilibrar a altura dos talões e o comprimento da pinça de tal forma que o casco mantenha 40% do apoio na parte anterior e 60% na parte posterior. (Figura 03) Em geral, quando respeitamos o ângulo da quartela, essa relação fica ideal ou próxima do ideal. Vendo o casco por baixo, de sola – vista plantar (eixo Y) Bom A exemplo da observação frontal devemos traçar uma linha no eixo da canela, que passará no centro do sulco central da ranilha. Imaginando também uma linha que percorra o plano dos talões, estes devem estar equilibrados de tal forma que proporcionem um ângulo de 90º com o eixo da canela. Ruim O balanceamento dos talões deve sempre se basear pelo eixo da canela. É comum vermos este balanceamento ser feito apenas comparando o tamanho dos dois talões, o que por vezes vai gerar ou contribuir para um desequilíbrio. Quando isso acontece o apoio estará sacrificado, sobrecarregando mais um lado do casco que o outro, causando deformidades de crescimento, quebras das bordas, desgaste desigual e prejuízos em todo o aparelho locomotor. Intervenções - manutenção ou correção Sentido antero – posterior Basicamente a altura dos talões e comprimento da pinça definem o melhor ângulo. Devemos lembrar que olhando lateralmente o ângulo ideal é aquele que se assemelha ao ângulo da quartela do animal, então o equilíbrio entre altura dos talões e comprimento da pinça deve ser encontrado para um melhor balanceamento. Sentido médio - lateral Lembrando que o plano dos talões e sola devem fazer um ângulo de 90 graus com a linha da canela. A relação de altura entre os quartos direito e esquerdo e a altura entre talões direito e esquerdo vão definir o melhor balanceamento médio – lateral. Conseqüências de um casco desbalanceado: - Sobrecarga de tendões, causando lesões, dores e desgaste prematuro - Sobrecarga de articulações e estruturas ósseas, sacrificando a saúde do aparelho locomotor - Aparecimento de ovas (vazamento do líquido sinovial) - Síndrome do navicular. Muitas vezes sem recuperação - Alterações na dinâmica da movimentação - Eventualmente o animal precisará realizar um esforço maior e por conseqüência desperdiça energia - Influência negativa sobre o desempenho e rendimento Dicas importantes: • O casco, apesar da aparência, é uma estrutura flexível. Possui umidade e tem estruturas importantes que interferem diretamente na fisiologia do cavalo. Quando alguma coisa está errada vai interferir diretamente no bem estar do animal. Imagine algo que lhe causa dor ou incômodo de forma ininterrupta. Isso é o que pode acontecer quando não realizamos uma manutenção correta dos cascos. • Talões O balanceamento antero – posterior e médio - lateral dependem muito dos talões, então é extremamente importante que tenhamos talões suficientes para realizar o balanceamento. Isso quer dizer que se por algum motivo o profissional que está realizando o casqueamento retirar “totalmente” os talões a opção para balancear o casco fica reduzidíssima. Cuidado então para preservá-los em tamanho suficiente a uma boa manutenção do balanceamento. • Ranilha Nunca deve ser cortada demasiadamente. Devemos retirar apenas o material superficial de forma a mantê-la limpa e com os canais centrais e laterais arejados. Ela funciona como uma junta de dilatação do casco, auxiliando também no bombeamento e retorno do sangue. Quando retirada em excesso prejudica a saúde do casco causando também atrofia e contratura dos talões. • Sola Assim como a ranilha deve ser poupada ao máximo. A sola forma uma camada protetora extremamente importante. Quando retirada demasiadamente deixa os cascos muito sensíveis e suscetíveis a lesões, podendo causar dor, sofrimento ao cavalo e muitas vezes o afastamento temporário do trabalho. Alguns animais de forma natural apresentam sola muito rasa e por vezes plana. Estas requerem muito cuidado e são mais suscetíveis a lesões. Devemos insistir na idéia de manter o máximo possível de material. É bom que a sola tenha um bom grau de concavidade. • Muralha A muralha do casco(parede) tem uma espessura variável de animal para animal. Somente quando necessário devemos grosar as paredes, por motivo de correção, por exemplo, mas sempre lembrando que ao retiramos material da parede o casco ficará mais frágil e sensível. Existe também um verniz natural que o protege das intempéries e ajuda a manter a umidade ideal. Devemos manter esta proteção natural tanto quanto possível. • Bordas e talões Quando maior a atividade realizada pelo animal maior é o desgaste. Muitas vezes se torna necessário o uso de ferraduras de proteção. Estas vão propiciar um crescimento do casco, proporcionando material suficiente para um balanceamento adequado. A resistência à abrasão varia de um animal para o outro. Seja por sua fisiologia, intensidade, variedade do trabalho realizado, tipo de solo, ou quaisquer outros motivos devemos tratá-los de forma individual. • Variantes externas que influenciam na qualidade do casco Em regiões mais secas, com menor grau de pluviosidade, como em algumas regiões do nordeste do Brasil, por exemplo, os cascos tendem a ser mais secos e duros. Acontece o contrário em regiões mais úmidas. Diferentes tipos de solo também influenciam podendo ser mais arenosos como regiões de litoral, ou argilosos em regiões de sertão. Portanto, devemos saber que clima, temperatura, tipo de solo, nutrição, manejo, trabalho e características de cada indivíduo interferem diretamente nas características do casco. Devemos então tratá-los de forma individualizada. Também existe uma diferença significativa entre animais que vivem em baias e animais que vivem soltos. Os animais encocheirados requerem limpeza diária por estarem inevitavelmente pisando sobre fezes e urina. Quando criados em confinamento parcial, eles costumam escolher um local do piquete para urinar e defecar e o ato natural de pastejar, se deslocando e escolhendo diferentes lugares para se alimentar mantém o casco mais limpo do que animais de baia. A limpeza diária do casco, bem como a higiene criteriosa das baias é fundamental para evitar brocas, fungos e alterações de umidade natural do casco. • Ferramentas básicas para o casqueamento Casquear requer um grande esforço e condicionamento e portanto ferramentas de boa qualidade diminuem o desgaste físico e economizam tempo. Rineta, torquês e grosa são as ferramentas básicas para casquear. Quando necessárias outras mais serão utilizadas para realizar o ferrageamento. • Potros - quando começar a casquear? Potros devem ser observados desde o dia em que nascem e poucos dias após o nascimento já podem receber as primeiras intervenções se for necessário. Intervenções no balanceamento do casco com vistas a correção de desvios nos membros devem ser feitos até 12 meses de idade. Uma vez realizadas corretamente é possível corrigir desde situações simples a outras mais sérias. Tudo depende do real conhecimento e habilidaded do Ferrador. • O profissional de podologia Como podemos ver casquear um cavalo de forma consciente requer cuidados que só um profissional preparado pode realizar. Existem cursos de ótima qualidade que ensinam desde o casqueamento e ferrageamento básico até quesitos mais avançados como correção de aprumos em potros. Conclusão: Os cascos são a base de toda sustentação dos cavalos e por isso devemos sempre lembrar que um simples casqueamento é algo essencial para o bem estar e saúde do cavalo. Todos nós devemos cuidar bem desse assunto como forma de evitar que sofram e também para que possamos juntos atingir grandes performances e resultados no trabalho, esporte e lazer. Dez Dicas: 1. O técnico deve ter conhecimento elementar de anatomia para não cometer erros básicos e gerar problemas irreversíveis. 2. Ter sempre o cuidado de obedecer o alinhamento do eixo ósseo. Não podemos mudar a estrutura óssea já formada. 3. Lembrar sempre que a estrutura do casco é moldável, por ser mole, enquanto a estrutura óssea é dura. 4. Não retirar muita sola para não invadir a parte sensitiva do casco (é comum cavalo mancar após casqueamento inadequado). 5. Retirar somente o excesso da ranilha “fêmea do caso”, delimitando os sulcos laterais e central da mesma. 6. Nunca retirar as barras(estrutura importante na sustentação do casco). 7. Nunca cortar muito a parede dos cascos. 8. Moldar a ferradura no casco e nuca o casco na ferradura. 9. Nunca colocar ferradura menor do que o casco e depois aparar a sobra do casco (comum com ferradores inexperientes). 10. Os cravos nunca devem ser muito altos, nem muito baixos ( a altura ideal é de 2,5cm na parede do casco). CASQUEAMENTO E FERRAGEAMENTO CASQUEAMENTO O casqueamento corretivo deve se iniciar em animais de 2 meses de idade que possuam desvios considerados mais severos, mas normalmente, em animais de desvios considerados normais iniciamos aos 4 (quatro) meses de idade. Lembrando que só conseguimos realizar as correções de casco até os 12 meses de idade devido ao fechamento das cartilagens que antes eram macias e podíamos “moldar” para corrigirmos os defeitos de aprumos. O casqueamento em potros não se deve tirar muito material, deve-se retirar material aos poucos para ele não sentir dor no local. A ranilha não deve ser cortada devemos apenas limpar o canal ao redor dela, ela serve como amortecedor, e quando o animal caminha ela serve como uma bomba que leva sangue a todo casco fazendo com que este casco cresça corretamente deixando-o sempre bem vascularizado. Na sola devemos tirar apenas a parte morta (bem superficial). Na parede do casco devemos apenas nivelar os cascos para que não ocorram lesões no casco nem nas articulações. O desnivelamento para correção de aprumos deve ser feito apenas por profissionais. Após os 12 meses de idade (1 ano) devemos respeitar os desvios de aprumos somente nivelando os cascos, já que qualquer tentativa de correção nesta fase forçará muito a bolsa que contém o liquido sinovial (que serve como lubrificante das articulações) e esta poderá se romper levando a lesões sérias nas articulações, podendo até impedir a funcionalidade do animal. Vejam na página http://cavalocompleto.com.sapo.pt/w006.htm aqui contém informações de aprumos que devem ajudar bastante na hora de casquear seu animal. Em animais adultos devemos fazer o casqueamento (nivelamento do casco) a cada 30 dias para obtermos melhores resultados. Através do casqueamento podemos também melhorar o desempenho dos animais de pista. Por exemplo, um animal de marcha mais dura (de apoios diagonais) podemos tirar mais casco na região dos talões (parte de trás dos cascos) e deixar um pouco mais na região da pinça (parte da frente do casco), chamamos isso de achinelamento, para melhorar o “amortecimento” através das quartelas que são responsáveis para esta atuação, melhorando desta forma também a movimentação dos membros dos animais, dando assim maior beleza no andamento. Devemos alterar no máximo em 3° para mais ou para menos do que é recomendado para cada animal para evitarmos lesões e afecções de boletos e articulações em geral (veja no primeiro parágrafo sobre ferrageamento). Nem sempre um trabalho feito em um cavalo tem um mesmo efeito em outro por terem angulações diferentes. Podemos sim melhorar o desempenho dos animais com casqueamento ou ferrageamento sempre lembrando que estas alterações logicamente não serão refletidas na produção de filhotes, por isso devemos selecionar sempre os melhores animais dentro dos padrões que pretendemos. Problemas mais freqüentes encontrados nos cascos dos animais Os defeitos mais freqüentes na forma dos cascos são os talões estreitos (contraídos), talões escorridos (adiantados), parede estreita (com mais freqüência na região do quartos), desbalanceamento médio lateral da pinça ou de todo o casco, casco encastelado (talões excessivamente altos), casco achinelado (pinça excessivamente crescida). Não se esqueça: Antes de começar a corrigir qualquer defeito de aprumo, coloque os cascos na sua condição anatômica ideal, ou seja, eixo ântero-posterior alinhado (ângulo do casco igual ao da paleta) e cascos balanceados (metades iguais). FERRAGEAMENTO Primeiro falaremos das angulações já que estas servem tanto para o casqueamento quanto para o ferrageamento: Em animais de marcha batida e centro os membros anteriores (mãos) trabalham normalmente com 55° podendo variar até 52° já que acima dos 55° a tendência de endurecer os animais de marcha aumenta muito. Nos membros posteriores (pés) a angulação média está em torno dos 60°. Na marcha picada a angulação média dos membros anteriores é de 50 a 52° e nos membros posteriores é de 55° podendo ser até menos já que nesta modalidade tem maior prevalência de animais acurvilhados. Não é aconselhado mudar a angulação dos cascos mais de 3° para mais ou para menos em qualquer um dos membros. FERRAGEAMENTO CORRETIVO Atualmente para correção de problemas de desnivelamento mais sério nos cascos temos ferraduras com um parafuso nos talões (parte de trás dos cascos) que o ferreiro poderá regular da maneira que achar conveniente e assim corrigir problemas de joelhos abetos ou fechados comuns em animais de marcha, evitando aquele ferrageamento com meia ferradura que era utilizada há tempos atrás e trazia problemas sérios ao animal com o passar do tempo. Pequenas alterações nas angulações do cavalo de marcha poderão ser terríveis em relação à qualidade da marcha, principalmente nos cascos anteriores. Por isso devemos avaliar muito bem a qualidade e formato dos cascos, desbalanceamento, desvios de aprumos, ângulo de inclinação das quartelas e espáduas, ângulo de inclinação das pernas e dos jarretes além de eventuais deficiências na marcha. CORREÇÕES NOS TIPOS DE ANDAMENTO Na andadura podemos tentar o seguinte: Ferrar as mãos com ferraduras mais pesadas e os pés com ferraduras mais leves ou até sem ferraduras nos posteriores (pés). A segunda tentativa seria a de deixar os talões (parte de trás dos cascos) maiores lembrando sempre dos 3° limites acima do considerado normal para cada cavalo. O terceiro recurso seria colocar uma corrente nas quartelas das mãos com protetor de mangueira ou de couro para não ferir seu animal. Treinar o animal a passo também ajuda muito para ele encartar na marcha. Na marcha trotada já é o contrário da andadura, devemos utilizar ferraduras leves nas mãos e pesadas nos pés, podemos também tirar mais cascos nos talões deixando a pinça maior. A terceira opção seria colocar correntes encapadas com mangueira ou couro nas quartelas dos membros posteriores (pés). Descer morros ajuda demais na dissociação dos animais com diagramas mais diagonais. FERRADURAS DE ALTO DESEMPENHO As ferraduras de alto desempenho ainda não são rotineiramente utilizadas para cavalos de marcha no Brasil. As tradicionais são as ferraduras de pinça quadrada, que exercem a função básica de proporcionar mais retidão aos deslocamentos, o que se reveste de especial importância nos julgamentos de morfologia, na etapa da avaliação dos aprumos. Também servem para melhorar o estilo da marcha, além de eventuais ganhos na regularidade e desenvolvimento. Outros tipos de ferraduras de alto desempenho são as frisadas, que favorecem a melhor aderência, o que pode ser vantajoso em pistas escorregadias. Os desenhos de frisos são variados. Independente de qual seja o andamento desejável, ferreiros nunca devem esquecer os princípios que fundamentam esta técnica especializada que é o ferrageamento. Alguns destes princípios: - As ferraduras devem estar em tamanho apropriado para os cascos, proporcionando suporte homogêneo ao redor dos quartos e talões; - Não pode haver sobras de ferraduras. Estas são como a continuação dos cascos; - Não se prepara o casco para a ferradura, mas sim a ferradura para o casco; - O ângulo do casco não deve variar mais do que três graus em relação ao ângulo natural, sob pena de provocar afecções. Nestes casos, o cavalo precisa se acostumar com a mudança de angulação, que traz estresse imediato sobre os tendões. Qualquer artifício tende a representar solução temporária. A solução permanente é selecionar bons marchadores, de cascaria saudável e bem conformada, bem aprumados, de forte constituição ósseo-muscular, submetidos a um manejo profissionalmente conduzido. FERRADURAS MAIS APROPRIADAS Devemos utilizar ferraduras com 5 ou 6 furos em cada metade da ferradura para podermos realizar as correções, principalmente em animais chamados de “remadores” (que jogam as mãos para fora ao marcharem). A correção deste problema é bem simples e segue o princípio do pêndulo, a pinça voa para o lado mais pesado do casco, sendo assim para balancearmos o casco devemos colocar mais cravos na parte interna da ferradura, por isso o uso de ferraduras com 6 craveiras é mais indicado. Não deixe, também, de devolver o “vernis” das partes lixadas, após a aparação do casco, usando o Cascotônico. Ferrar sem prejudicar Alguns cuidados para ferrar com responsabilidade o seu cavalo estão a seguir: 1 - Conheça o ângulo da paleta do seu cavalo antes de se aventurar cortando o casco. Apare os cascos anteriores (mãos) e tente colocá-los com o mesmo ângulo da paleta. Confira o ângulo dos cascos com um gabarito angulador de casco. Os ossos digitais devem ser alinhados, de forma que colocando-se uma linha reta do meio do boleto e meio da quartela (falanges) ela deve passar pelo emio do casco, alinhada com as suas cânulas naturais (linhas verticais do casco). No casco achinelado as linhas do casco não concindem com este alinhamento da quartela , porque o casco tem ângulo menor do que a paleta e a linha é quebrada para baixo (lado do chão). 2 - Limpe a sola, abra os 3 canais da ranilha de forma a deixar passar o dedo mínimo para entrar ar , obtenha a concavidade da sola e não corte jamais as barras, pois ela são a continuidade da muralha de sustentação e garantem 30% da sustentação do cavalo. 3 - Assegure que os cascos estão balanceados no sentido médio-lateral ( largura) e ântero-posterior ( comprimento). As metades do casco esquerdo, por exemplo, devem ser iguais, assim como os comprimentos desde a pinça até cada um dos talões. Depois confira para que os cascos dianteiros sejam iguais entre si. Quando aparar os cascos traseiros, siga as mesmas instruções. Assim, quando o cavalo coloca o casco no chão ambos os talões apoiam no chão ao mesmo tempo e o casco rola a pinça no meio, o desgaste da ferradura ocorre exatamente na frente e o vôo ou breakover é elegante e para a frente (avante). 4 - Escolha a ferradura de acordo com as necessidades do cavalo e ajuste-a ao casco bem aparado. A ferradura deve proteger toda a muralha de sustentação, apoiando-se até o final do talão, sem obstruir os canais da ranilha e possibilitando expansão da muralha nos quartos e talões. Nos posteriores, a ferradura pode ter ligeiro sobrepasse de talões, nos animais de talões fracos ou escorridos, de forma a dar maior base de sustentação para o cavalo. A mesa da ferradura é escolhida de acordo com a atividade do cavalo. Mesa estreita (filete) para corrida, mesa média ( 17mm) para trabalho, treinamento e lazer e mesas mais largas para esbarro( 25mm) ou tração. O material da ferradura ( aço, alumínio puro, liga de alumínio, poliuretano com alma de alumínio e outros metais especiais), bem como os demais acessórios ( guarda casco, agarradeiras, palmilhas, talonetes e até rampão) devem ser escolhidos de acordo com a atividade , de preferência com conhecimento, para não prejudicar a performance do animal. 5 - Fixe a ferradura com o cravo adequado, escolhido de acordo com a espessura da ferradura e com o canal ou craveira, de forma que a cabeça do cravo fique totalmente embutida na concavidade do buraco ou canal da ferradura. Os dois últimos cravos a serem pregados não devem ultrapassar a "linha do juízo do ferrador", ou seja, a linha imaginária que une o final dos médios do casco, antes dos talões. Complicado? Não. Imagine o meio da ranilha, com o casco levantado, e trace uma linha para os dois lados. Ela passará sobre a muralha de sustentação (onde a ferradura apoia) exatamente no lugar dos últimos cravos, em cada lado da ferradura. Esta é a " linha do juízo do ferrador". 6 - Depois de bater os dois primeiros cravos (ombros) e os dois últimos ( talões) da ferradura, bata o guarda casco (se houver). Apoie o casco com a ferradura no chão e observe se a linha imaginária que passa pelo meio do boleto, da quartela e do casco (eixo ântero-posterior do digital) está reta. Se estiver tudo bem, pregue os demais cravos, lembrando que uma boa ferradura terá, no mínimo, 5 furos de cada lado e furos nos talões para colocar agarradeira ou cravar talonetes , calços para corrigir aprumos ou palmilhas. Ferradura barata com três ou quatro furos de cada lado nem sempre atende as necessidades do seu cavalo. 7 - Por último, mas não menos importante, depois de acabar de fazer o serviço, não esqueça de repor o verniz dos cascos com o CASCOTÔNICO, para devolver também a flexibilidade, incentivar o crescimento e proteger a sola, paredes e ranilha contra as brocas , frieiras e podridão. Estas são as principais dicas para você fazer ou gerenciar o ferrageamento dos seus cavalos. Se os termos usados são familiares a você e ao seu ferrador, parabéns, você está dominando o assunto. Mas, se houver dúvida, venha fazer um curso no Centran Toledo, para aumentar a performance dos seus animais, com o mínimo de afecções. Lembre-se , que o ferrador que não é competente, ferra o dono e o cavalo... Fonte: Centran Toledo - Treinamos ferradores desde 1984. Cursos Mensais: (12) 3922 4921 Sustentação dos eqüino Em se tratando de cavalos domesticados, a grande maioria tem sido vítima dos métodos empíricos e antinaturais de aparação de cascos e ferrageamento, com características que contrariam o processo natural de sustentação mecânica do cavalo. Os prejuízos resultantes, comumente enquadrados nas afecções ou contusões do sistema locomotor, chegam, hoje, à cifra de 80% nos anteriores, que sustentam cerca de 65 a 70% do peso vivo do animal. Em certas fases da locomoção, o animal é suportado por apenas um dos locomotores e os efeitos naturais da concussão e compressão, causadas pelo peso do submetido ao locomotor, são danosos às bases inadequadas do cavalo. As estatísticas conhecidas comprovam a importância de dar ou devolver ao cavalo a sua condição anatômica ideal. Nem sempre o casco aparado empiricamente ou o ferrageamento conseqüente estão dando ao cavalo condições ideais de sustentação, e, os seguintes pecados capitais podem ser identificados: Não conhecer a condição anatômica ideal de cada cavalo antes de incia a aparação de casco e o ferrageamento. Esta condição é dada pelo ângulo da paleta (escápula) com a horizontal, medida pelo nível de escápula ou artro-goniômetro. O eixo ântero-posterior do sistema digital (linha imaginária que divide ao meio o boleto, a quartela e o casco) é quebrado para baixo e não reto como deveria ser, para que o digital suportasse a força de concussão do casco com o solo. Esta característica é o resultado de cascos compridos de pinça longa e t alões baixos (achinelados), que provocam pressão intensa na parte anterior das articulações dos ossos digitais ( falanges), distenção constante de tendões flexores, compressão excessiva da área do osso navicular e alteração do vôo do casco. As barras são, em geral, cortadas pelos casqueadores, que desconhecem as suas funções. Elas são a continuação da muralha de sustentação e têm a finalidade de transmitir o peso para a perifieria do casco e de constituir um escoramento ideal para impedir o estreitamento dos talões e bulbos. A ausência de barras concentra o peso sobre os talões e ranilha. As solas do casco, com os problemas vistos anteriormente, perdem a concavidade, são grossas e planas, sem muita flexibilidade e capacidade para absorver choques e sustentar o peso. A falta de concavidade diminui as ações de expansão e contração do cascos. Como a angulação do casco e sistema digital não é medida e comparada com a condição anatômica ideal do cavalo que é dada pelo ângulo da paleta (escápula), o animal, muitas vezes, não tem o plano de sustentação ideal, colocando o casco de forma inadequada no solo. Esta condição aliada à condição de termos cascos desbalanceados, com metades desiguais, é conhecida como desbalanceamento médio-lateral. A parte do casco que tóca o solo por último é a que se desgasta mais, porque recebe maior esforço e atrito durante o movimento. O desbalanceamento é a causa de cascos tortos, dos vícios de movimentação dos locomotores e dos problemas de aprumos. O casco balanceado deve ter as metades iguais e os comprimentos entre cada talão até a pinça também iguais. A abertura dos canais da ranilha (lateral, central e medial) é fundamental para o arejamento da sola (maior entrada de ar), e facilidade para o movimento de abre e fecha dos talões do casco e do trabalho de junta de dilatação da ranilha. O canal central da ranilha quando fica fechado é foco de frieira ou pododermatite exudativa que amolece a ranilha, provoca mau cheiro e prejudica a performance do animal, sobretudo em piso de areia. Não repor o verniz das partes raspadas pela grosa ou outras ferramentas usada na aparação do casco. O verniz é a proteção que garante a taxa de evaporação e a umidade necessária ao casco. A falta de verniz provoca o ressecamento e as rachaduras, devido a deficiência de keratina. O único produto que incorpora a tecnologia de devolver o vitrificado das partes raspadas é o Cascotônico, que penetra na matéria córnea devido à sua forma líquido-oleosa, tendo, ainda, ação bactericida, fungicida e de enrigecimento controlado do casco e ranilha. O Cascotônico possui em seu principio ceras e óleos vegetais e animais que incentivam o metabolismo de crescimento e renovação dos tecidos. Fonte:Centran Toledo - Treinamos ferradores desde 1984. Cursos Mensais: (12) 3922 4921 Cascos achilenados Com os estudos da biomecânica da locomoção dos eqüínos ficou comprovado que os métodos de aparação de cascos de ferrageamento, empíricos e que não respeitam a condição anatômica ideal dos cavalos, mantêm as pinças compridas e os talões baixos . Este método de aparação utilizado por falta de conhecimento ou por modismo é prejudicial à vida útil dos vários tecidos que compreendem o sistema locomotor, diminuindo a performance e a vida útil dos cavalos atletas. As estatísticas mostram que, de cada 100 problemas diagnosticados nos locomotores, 80% estão nos membros anteriores e a grande maioria do joelho para baixo. A grande causa é a falta de alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta com a horizontal. A pinça longa e os talões baixos, ocasionados pelo ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta ou escápula, provoca um esforço maior de sustentação nos tendões flexores, ou seja, um braço de alavanca maior para suportar o peso de cima para baixo, que tenta jogar o boleto até o chão. Os cavalos mais afetados são os atletas em corridas, salto, laço, esbarro, tambor e apartação, que usam os anteriores na propulsão ou paradas bruscas. O stress é maior no tendão flexor profundo devido ao atrito na região dos ossos sesamóideos e navicular. Imagine o esforço no membro dianteiro em uma remada de mão do cavalo de corrida na reta final, um esbarro de quarto de milha quando o laço tem um novilho preso em sua ponta ou o esforço da puxada para virar o boi em uma vaquejada. Quanto vale errar alguns graus na aparação do casco de um cavalo? A tabela a seguir mostra que cada grau de achinelamento equivale a dezenas de quilogramas a mais nos tendões flexores. Coisa que poucos profissionais têm noção. Os valores a seguir foram estimados para um cavalo atleta de porte médio - 500 Kg de peso vivo (PSI ou BH). Os efeitos podem ser maiores nos animais para hipismo e tração de grande porte. Ângulo Digital Alçamento em graus Alívio tendões(Kg) Alívio (%) 40 40>>60 = 20 129,5 37 45 45>>60 = 15 112,0 32 50 50>>60 = 10 87,5 25 55 55>>60 = 5 49,0 14 58 58>>60 = 2 17,5 5 59 59>>60 = 1 10,5 3 (*) Fonte A .P.Toledo - Alívio nos tendões anteriores de animal de 500 Kg de peso vivo com 350Kg nos anteriores (em repouso), com condição anatômica de 60 graus (inclinação de escápula) e cascos anteriores de comprimento 15 cm. Conclusão: 1 - Respeite a condição anatômica ideal do seu cavalo. 2 - Conheça o ângulo da paleta e procure aparar o casco monitorando o serviço com um gabarito angulador de casco. 3 - Desconfie do profissional que diz ter olho clínico e que não apresenta maiores conhecimentos de sustentação e locomoção. 4 - O erro de apenas 1 grau representa muitos quilos a mais nos tendões flexores do seu cavalo. 5 - O cuidado consciente da aparação e do ferrageamento aumenta a performance do animal e diminui o risco de afecções. 6 - Devolva sempre o verniz raspado pelas ferramentas de aparação. Use o Cascotônico que devolve o verniz, tem ação lubrificante, bactericida e incentivadora do crescimento e renovação da matéria córnea do casco e ranilha. 7 - Com uma aparação adequada dos cascos e com a escolha das ferraduras e dos cravos que atendam as necessidades do cavalo o seu animal terá o máximo de performance com o mínimo de afecções. Fonte:Centran Toledo - Treinamos ferradores desde 1984. Cursos Mensais: (12) 3922 4921 O alcance dos cascos Quando o casco deixa o chão e inicia o seu vôo, dependendo do ser ângulo e do alinhamento do eixo digital (eixo ântero - posterior), o deslocamento do locomotor ou passada pode acontecer de três maneiras básicas. No primeiro caso (Fig. 1A), com o casco aparado naturalmente, quando os ossos digitais estão alinhados e o animal está na sua condição anatômica ideal, o vôo do casco acontece segundo um semi-círculo, com o centro abaixo do plano do solo. É como andar de bicicleta, onde o pé voa elegantemente seguindo sempre a mesma trajetória. O auge do vôo ou ponto mais alto se dá exatamente em frente ao locomotor contrário que se encontra, em baixo, apoiado. Nesta condição o cavalo anda com elegância, avante e com o seu rendimento máximo. No segundo caso (Fig. 1B), quando o eixo digital é quebrado para baixo, indicando um casco com ângulo menor do que a paleta (achinelado), o tendão flexor profundo está mais esticado do que o normal e o casco voa para cima, quando o animal retira o casco do chão, no início do vôo. Neste caso, dizemos que o animal alça o casco ou arpeja. O andamento fica deselegante, como se estivesse batendo tambor e o rendimento fica prejudicado em função do alçamento. No terceiro caso (Fig. 1.C), quando o casco é mais fincado (ângulo do digital maior do que a paleta), o eixo digital é quebrado para cima e o tendão extensor, na parte anterior do locomotor, está sobretensionado. Quando o animal retira o casco do chão, esse tendão tende a aliviar o esforço sobre ele e adianta o ponto máximo da trajetória (vôo do casco). Neste caso, o animal tem andamento rasteiro e chuta a grama ou o chão com a ponta do casco. Este andamento é muito comum nos posteriores dos muares. Desta forma, vemos uma grande quantidade de cavalos que apresentam o problema de sobre alcance ou que batem castanhola quando andam, ou seja, o casco posterior alcança o anterior antes que este saia do chão, no início da passada. Isto acontece quando o casco posterior fincado avança em vôo baixo para a frente (adianta a sua trajetória) e o casco anterior achinelado demora para sair do chão (atrasa a sua trajetória) devido a problemas de aparação incorreta. Da mesma forma, podemos corrigir o problema com a aparação consciente dos cascos, respeitando a condição anatômica ideal do cavalo. A correção é feita, inicialmente, aumentando o ângulo do casco anterior e verificando com o gabarito de casco o ângulo ideal, igual ao da paleta, após a aparação. O mesmo deve ser feito no casco posterior, diminuindo o ângulo do casco e verificando com o gabarito de casco o ângulo ideal, igual ou maior do que a paleta, após a aparação. Assim, a aparação consciente dos cascos evita muitos problemas de locomoção dos cavalos atletas, que podem, ainda, resultar em afecções do sistema locomotor. A Toledo tem produtos, equipamentos e cursos mensais sobre o assunto, formando ferradores há 18 anos no Centran Toledo. Fale conosco Fonte: Centran Toledo - Treinamos ferradores desde 1984. Cursos Mensais: (12) 3922 4921 Casquemanto em potros nos primeiros 6 meses Este artigo foi escrito por Elaine Aparecida Buzato, formada pelo curso de Ciências Eqüinas da PUC do Paraná. O objetivo do estudo é demonstrar os benefícios do casqueamento em potros de até seis meses de vida. A correção de aprumo dos cascos significa mudança permanente de conformação e não pode ser feita em cavalos maduros. De fato, essas tentativas de correção em eqüinos adultos causam manqueiras imediatas, assim como, defeitos permanentes em longo prazo. Mas alguns problemas de conformação podem ser corrigidos em potros e os que nascem com aprumos corretos podem ser mantidos assim. Muitos potros que possuem boas pernas podem se tornar tortos por negligência ou casqueamento impróprio. O segredo de quando e como tentar corrigir pelo casqueamento é ter conhecimento das estruturas chamadas Placas de Crescimento, que são localizadas perto do final de cada osso da perna do cavalo. Estas placas produzem células que crescem e se alinham durante a ossificação, que é a formação óssea. Enquanto as placas estão produzindo cartilagem, são consideradas “abertas”, e uma vez que a produção pára, são denominadas “fechadas”. As forças sobre estas placas são muito importantes na determinação da conformação e estrutura do cavalo. Pressão normal, equilibrada e constante sobre as placas resulta em um crescimento correto. Já uma pressão desequilibrada tem como conseqüência um crescimento incorreto. Alguns aspectos têm que ser considerados: Peso e crescimento - Os potros crescem com rapidez. O ganho de peso acelerado pode dar origem a irregularidades no desenvolvimento dos aprumos, comprometendo o crescimento ósseo. Determinar o quanto essa rapidez se imprime no desenvolvimento do potro facilita a obtenção de melhores resultados na correção de aprumos. O período de crescimento de maior intensidade está compreendido nos primeiros três meses de vida. A intensidade cai lentamente durante os três meses seguintes e também, de novo, nos próximos seis meses. Diversos estudos têm determinado o crescimento dos potros sobre a porcentagem do peso adulto final. Os potros Puro Sangue Inglês, por exemplo, alcançam cerca de 50% do peso adulto aos 6 meses de idade. Tabela 1 – Taxas previstas de ganho médio de peso nos primeiros seis meses de vida. Idade Peso Ganho diário Nascimento 60 kg 30 dias 105 kg 1,5 Kg/d 60 dias 144 kg 1,3 Kg/d 90 dias 180 kg 1,2 Kg/d 120 dias 210 kg 1,0 Kg/d 160 dias 255 kg 0,88 Kg/d 180 dias 260 kg 0,83 Kg/d PC = Peso corporal / GD = Ganho diário O crescimento expressado na forma de ganho médio diário é muito rápido no início da vida e diminui radicalmente quando o cavalo alcança os 18 meses de idade. Nutrição - A deficiência nutricional, excesso ou desequilíbrio de nutrientes afeta adversamente os ossos e as cartilagens. A energia, ao lado da proteína, é o principal fator que influencia a média de crescimento do animal. As médias de crescimento mais rápido exigem concentrações mais altas de nutrientes indispensáveis à síntese dos tecidos. Alta energia significa dietas glucogênicas também altas, que parecem alterar as secreções hormonais normais insulina, triiodotironina (T3), tiroxina (T4). Esses hormônios influenciam o crescimento e a maturação da célula da cartilagem. Restringir a entrada de energia em um cavalo em crescimento irá reduzir a média de crescimento do animal e baixar a necessidade do animal para outros nutrientes essenciais. Cálcio e fósforos são macrominerais essenciais para o crescimento e o desenvolvimento dos ossos em cavalos. A falta da mineralização óssea também ocorre quando existe desequilíbrio entre o cálcio e o fósforo. Discussões e Conclusões Quando se cuida de potros, é extremamente importante manter a pressão natural nas placas de crescimento. Para isso, o trabalho do ferreiro é essencial. Antes de fazermos correções, devemos ter certeza de que o potro realmente precisa, sendo recomendado que essa análise seja realizada por um ferreiro experiente, por um médico veterinário ou por um hipologista. Um detalhe que se deve levar em conta é o fato de que não é natural para os cascos de um potro apontar direto para frente. Os cascos dos membros anteriores devem estar virados para fora entre 10 e 15 graus, bem como alinhados com a face plana do joelho. Isso porque com o desenvolvimento do tórax, as escápulas vão se distanciando uma da outra, fazendo os membros girarem para dentro. Quanto aos cascos dos membros posteriores é natural que sejam levemente voltados para fora. Por ser uma mudança permanente na conformação, a correção não deve ser feita em cavalos adultos, sendo o limite ideal máximo de idade 2 anos, quando as placas de crescimento responsáveis pela formação óssea é interrompido. Daí se compreende a importância do acompanhamento, por parte do ferreiro, do crescimento dos cascos nos potros logo a partir dos primeiros dias. Nesta idade, grosar o casco pode ter um valor incalculável, evitando meses em tentativas de correções dos aprumos. O casqueamento deve ser feito freqüentemente. Potros com até um ano de idade produzem o dobro de parede do casco que o cavalo adulto. Conforme o casco fica mais comprido, ele se quebra com maior facilidade. Se um lado do casco se quebra, ele terá um desequilíbrio e causará uma pressão desigual nas placas, podendo alterar a conformação. É recomendado casquear os potros normais a cada 28 dias e os que apresentam desvios, a cada 14 dias, até normalizar os defeitos. É preciso haver um equilíbrio apropriado para o casco. Um casco bem equilibrado distribui o peso igualmente e absorve o impacto de uma maneira uniforme. Ao contrário do que se pensa, os potros devem ser casqueados já desde os primeiros dias de vida. Quando o acompanhamento é feito de forma correta, os problemas são detectados a tempo de serem corrigidos. Isso acontece porque a estrutura óssea dos animais, até os 6 meses de vida, é extremamente maleável, como se fosse um galho verde, permitindo com isso que através das técnicas corretas de casqueamento, ferrageamento e de cirurgia as correções sejam bem sucedidas.

terça-feira, 20 de março de 2012

INDUÇÃO E SINCRONIZAÇÃO DA PUBERDADE PRECOCE EM FÊMEAS NULÍPARAS

A indução da puberdade precoce na fêmea nulípara visa, basicamente, que ela comece sua atividade reprodutiva o mais cedo possível, sem prejuízo de seu desempenho reprodutivo posterior.

Para induzir e sincronizar a puberdade precoce num grupo de marrãs, recomenda-se proceder da seguinte forma:

  • manter as marrãs separadas do cachaço até atingirem em média 165 dias de idade;
  • transferir o lote de marrãs para outra baia e/ou misturar marrãs de baias diferentes numa terceira baia;
  • conduzir diariamente ou a cada dois dias, um cachaço com aproximadamente 11 meses de idade e deixá-lo junto às marrãs em torno de meia hora. O contato direto entre cachaço e marrã é essencial para a indução de uma puberdade precoce e, para sua sincronização. Para evitar que uma ou outra fêmea seja coberta, o tratador deve assistir ao cachaço durante o período em que o mesmo estiver com as marrãs.
  • as granjas que possuírem mais um de cachaço, devem realizar uma rotação diária dos mesmos, para obter melhor resultado, principalmente quanto a sincronização do cio.
  • eliminar as marrãs que dentro de vinte e um dias não apresentarem o cio; esta medida visa evitar uma redução no desempenho reprodutivo dos animais, bem como, um aumento nos custos de produção da unidade produtiva.


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRIMEIRA COBRIÇÃO

A fase em que a marrã é coberta pela primeira vez pode ter importantes implicações na eficiência total de sua vida reprodutiva.

Através de dados de pesquisa, a primeira cobrição pode ser realizada por ocasião do segundo cio (110 kg de peso vivo) nas granjas de melhor nível tecnológico, ou seja, naquelas em que as práticas de manejo visam estimular a marrã a atingir a puberdade precocemente; que mantenham um controle do rebanho através de um sistema de fichário; que mantenham os animais num bom estado de nutrição e que mantenham as instalações adequadas a um bom manejo.

Nas granjas de menor nível tecnológico, em que as marrãs não são manejadas adequadamente, é melhor que a cobertura seja feita por ocasião do terceiro cio (125 a 135 kg de peso vivo), pois neste caso há uma influência significativa da taxa de ovulação (taxa de ovulação aumenta do primeiro ao terceiro cio) apesar da marrã receber a alimentação durante dois ciclos não produtivos.

Atualmente, alguns pesquisadores, recomendam que antes de realizar a primeira "cobertura efetiva" deve-se cobrir as marrãs com cachaços (rufião) vasectomizados, visando proporcionar um melhor estímulo das marrãs, principalmente, contra a parvovirose, doença que tem sido uma das principais responsáveis pelo aumento de natimortos.

Acredita-se que além de estimular a imunização das marrãs esta prática diminuirá o "stress" quando da realização da primeira cobertura efetiva e consequentemente, aumentará o número de leitões nascidos.


MANEJO DAS MATRIZES DURANTE A GESTAÇÃO

A gestação é uma das fases, dentro da exploração suinícola, de maior importância para a melhoria da eficiência reprodutiva. Do desempenho da gestação pode-se prever o potencial econômico e/ou produtivo de uma granja.

Dois terços da vida útil de uma porca ou matriz são passados em períodos de gestação, demonstrando assim, a importância do manejo nesta fase quando visamos aumentar a produtividade.

A gestação, na espécie suína, dura em média 114 dias (três meses, três semanas e três dias), podendo variar, para mais ou menos, quatro dias. Nas criações mais tecnificadas, a gestação em galpões com gaiolas individuais, tem sido a mais utilizada. Apesar de limitar o espaço das matrizes, essa prática utilizada, facilita o controle individual das matrizes gestantes, permitindo oferecer uma alimentação mais adequada, uma melhor visualização sobre a repetição ou não de cios e condições de se evitar briga entre as porcas.

A gestação em baias deve ser feita com grupos, de no máximo seis porcas, visando com isto diminuir a competição e brigas entre elas e, inclusive a visualização do retorno ou não ao cio.


ALGUMAS PRÁTICAS DE MANEJO QUE DEVEM SER OBSERVADAS QUANDO NO PERÍODO DE GESTAÇÃO

As matrizes devem ser mantidas em ambiente calmo e livres de qualquer "stress" (calor em excesso, animais estranhos, barulhos, mudança de local, etc).

Nas gestações em gaiolas individuais ou mesmo em baias coletivas, as matrizes devem ser agrupadas de acordo com a data de cobertura, visando empregar o sistema "Todos - Dentro, Todos Foras" ou sistema "All-in, All-out", o qual, permite preencher cada compartimento da instalação de uma só vez e depois esvaziar da mesma forma. Esta prática facilita a limpeza e Desinfecção do local. É importante observar que o referido sistema é mais viável para granjas a partir de sessenta matrizes.

Levantar as porcas que estão nas gaiolas individuais de gestação no mínimo três vezes ao dia (pela manhã, ao meio dia e à tarde). Esta prática facilita a eliminação da urina pela porca e induz a mesma a ingerir mais água, ajudando desta forma, na prevenção contra as infecções do aparelho urinário.

Para diminuir a incidência do aparelho urinário, é recomendável a utilização do diurético, cloreto de amônio, na base de 2,500 kg por tonelada de ração, durante sete dias, a cada três meses.

As matrizes desmamadas, oriundas das gaiolas individuais da maternidade, deverão passar para as baias coletivas ou gaiolas individuais de gestação em bom estado de carne, caso contrário haverá um atraso na manifestação do cio, provocando sérios prejuízos ao produtor.

Para não atrasar o aparecimento de cio nas porcas, após o período de desmama, desenvolver ações para que as perdas de peso da matriz, durante a fase de lactação não sejam superiores a 15%. Estas ações implicam num maior e mais adequado fornecimento de ração para a porca, quando na fase de lactação.

Verificar as manifestações de cio nas matrizes em cobrição e em gestação duas vezes ao dia; pela manhã e à tarde. Facilitar a visualização e contato entre matrizes e varrões, visando estimular o aparecimento do cio. Havendo deficiências nas instalações, impedindo a visualização e proximidade entre matrizes e varrões, fazer os varrões caminharem (um por vez) pelo corredor de passagem, próximo às matrizes em cobrição e gestação.

As matrizes que apresentarem corrimento vaginal contendo pus durante o período de cio, não deverão ser cobertas. Deverão ser separadas e submetidas a tratamento específico.

Para as matrizes subalimentadas ou que sofreram perdas significativas durante a fase de lactação proceder o "flushing" o qual é o fornecimento de uma quantidade de ração a mais do que a matriz vinha recebendo, por um período de 7 a 10 dias antes da data prevista do cio, com a finalidade de aumentar a taxa de ovulação. O "flushing" deve ser suspenso quando 50% das matrizes submetidas a esta prática forem cobertas. É interessante observar que para as matrizes bem alimentadas e manejadas, esta prática não tem um valor muito significativo.

Observar diariamente o "estado de carne" das matrizes. Sabe-se, através de dados de pesquisa, que durante o período de gestação as marrãs (nulíparas) tem um ganho de peso de 45 kg a 65 kg e as matrizes (multíparas) tem um ganho de peso de 35 kg a 40 kg.

  • Fazer a cobertura das porcas e/ou marrãs nas horas mais fresca do dia.
  • Assistir e auxiliar o varrão a fazer a cobertura corretamente; antes da cobertura procurar eliminar os restos de urina e secreções que ficam retidos nos divertículos prepuciais do macho; para isto basta comprimir manualmente a região prepucial do macho antes da cobertura. A razão desta prática é que a urina e secreções retidas nos divertículos prepuciais podem comprometer a eficiência da cobertura.
  • A cobertura da matriz deve ser feita levando a mesma à baia do varrão. Deve-se ter sempre o cuidado para que o piso da baia de cobertura não seja escorregadio e que não venha provocar nenhuma lesão nos animais.
  • Quando da cobertura, sempre que possível, cobrir a matriz com reprodutores diferentes e mais descansados.
  • A matriz em cio deve ser coberta três vezes, após o aparecimento do cio, com intervalo de 12 horas entre cada cobrição.
  • Em casos de cobertura com reprodutores de tamanho e peso muito diferentes, deve-se utilizar um "tronco" para facilitar a monta.
  • Após a cobertura levar a matriz de volta à sua baia coletiva e/ou à gaiola de gestação. É importante que a matriz, após a cobertura, fique em ambiente tranqüilo por aproximadamente duas horas. Ambiente agitados ou estressantes, logo após a cobertura, prejudicam a fertilização, podendo levar à absorção embrionária.
  • Não deixar porca e varrão juntos após a cobertura; esta prática evita cobertura desnecessária e desgaste do varrão.
  • As matrizes, quando na fase de gestação em gaiolas, devem receber sua ração umedecida. Para isto, usa-se, geralmente, baixar o nível de água do cocho, situado abaixo das gaiolas de gestação, deixando, aproximadamente, um terço do volume de água. Após, coloca-se sobre a água, a ração da porca na quantidade necessária à manutenção do bom estado de carne da mesma.
  • As matrizes que estão em baias coletivas poderão, também, receber sua ração umedecida (para umedecer adequadamente, um quilo de ração seca, gasta-se um quilo e seiscentas gramas de água). Para utilizar esta prática nas baias de gestação coletiva deve-se avaliar as dificuldades de manejo.
  • Sempre que usarmos rações umedecidas devemos ter o cuidado para que as sobras, quando do consumo da ração pelas matrizes, não venham fermentar, causando problemas intestinais nos animais.
  • Da desmama até a cobertura oferecer para as matrizes "ração de lactação" à vontade. Dar metade do trato pela manhã e metade à tarde.
  • Assim que realizar a cobertura passar a usar a "ração de gestação", fornecendo 1,800 kg a 2,000 kg de ração por matriz, por dia, até 35 dias de gestação. Fornecer metade da ração pela manhã e metade à tarde.
  • De 36 a 90 dias de gestação continuar usando a ração de gestação, fornecendo 2,300 kg a 2,600 kg de ração por matriz, por dia. Fornecer metade da ração pela manhã e metade à tarde.
  • De 91 a 109 dias de gestação passar a usar "ração de lactação", oferecendo de 3,000 kg a 3,500 kg de ração por matriz, por dia. Dar metade do trato pela manhã e metade à tarde.
  • De 109 a 113 dias da gestação fornecer 1,800 kg a 2,000 kg de "ração de lactação" por matriz por dia.

Neste período, 5 a 7 dias antes do parto, as porcas deverão receber somente uma refeição por dia (pela manhã).

  • Três dias antes do parto e três dias após o parto, observando que as fezes das matrizes estão ressecadas, fornecer as mesmas 10 gramas de sulfato de sódio (sal de Glauber) por dia, por matriz, juntamente com a ração. Esta prática visa diminuir uma possível constipação intestinal, a qual, poderá causar maior desconforto ao animal por ocasião do parto.
  • Não sendo possível utilizar o sulfato de sódio na alimentação, procurar aumentar a proporção de farelo de trigo na ração. Utilizar, no referido período, 40% de farelo de trigo na ração.
  • No dia do parto não oferecer ração à matriz. Oferecer somente água. Entretanto, esta prática deve ser observada com ponderação, pois para algumas matrizes deve-se oferecer a metade ou menos da ração que vinham recebendo, visando com esta prática acalmar os animais que não se adaptam à restrição alimentar neste período.
  • Após o trato das matrizes em gestação retirar dos cochos as sobras de ração umedecida e fornecê-las aos cevados na terminação ( não podemos desperdiçar rações).
  • Lavar os cochos onde foi servida a ração umedecida e abastecê-los de água limpa e fresca.
  • Proceder a limpeza das instalações, diariamente, pela manhã e à tarde, após o fornecimento de ração para as matrizes ( a "vassoura" ainda é o grande "executivo" da granja).
  • Procurar manter o ambiente das instalações com uma temperatura entre dezoito a vinte graus nível de arejamento. Esta prática proporciona maior conforto aos animais gestantes e consequentemente diminui as perdas de embriões que ocorrem nos primeiros dias após a cobrição (absorção embrionária) principalmente, devido ao "stress" provocado pela calor ou instalação deficiente.
  • As práticas de manejo devem ter uma rotina sistemática, com horários e dias predeterminados visando um aperfeiçoamento das práticas executadas pelo tratador, bem como, impor um reflexo condicionado aos animais diminuindo-lhes o "stress" causado pelas ações diárias da administração da granja.
  • As matrizes em gestação deverão ser transferidas para as gaiolas maternidade 5 a 7 dias antes do parto previsto, sendo antes lavadas com água e sabão neutro (sabão de coco) e, após banhadas com solução desinfetante a base de "iodophor" (40 ml em 10 litros de água) com auxílio de um regador.
  • Para receber as matrizes gestantes, as gaiolas de maternidade já deverão estar limpas e desinfetadas. É importante observar o vazio sanitário, pelo menos, durante dez dias.
  • Vacinar contra rinite atrófica, as matrizes gestantes, aos 100 dias de gestação, de 6 em 6 meses.
  • Vacinar contra peste suína clássica, as matrizes gestantes, aos 85 dias de gestação, nas gestações ímpares.
  • Vacinar contra erisipela dos suínos, as matrizes gestantes, aos 100 dias de gestação, de 6 em 6 meses.
  • Vacinar contra parvovirose e leptospirose, as matrizes gestantes, 10 dias após o parto, de 6 em 6 meses.
  • Combater sistematicamente as moscas e ratos através de medidas e produtos específicos.
  • Mediante constatação de sarna nos animais proceder o combate de 15 em 15 dias, através do uso de lança-chamas e sarnicidas (Produtos a base: diazinon; cipermetrina; triclorfon).
  • Quando houver lesões nos cascos das matrizes, cuidar das mesmas usando uma solução de formol a 10% (100 ml de formol em 0,9 litro de água) utilizando para isto um pedilúvio, onde as matrizes serão submetidas a uma série de dez passagens, ao longo de um período de trinta dias. Outra medida auxiliar, seria aumentar os níveis de biotina na ração.
  • Evermifugar as porcas gestantes 14 dias antes do parto, utilizando produtos a base de "fenbendazole; mebendazole; ivermectin".
  • Anotar sistematicamente em fichas próprias, as coberturas, abortos e outras ocorrências que houver com as matrizes. Sem um controle zootécnico das matrizes, não há como estabelecer um bom sistema de manejo dentro de uma granja suinícola.


MANEJO DOS SUÍNOS NA MATERNIDADE

Dentro das edificações necessárias à suinocultura, a maternidade apresenta-se como uma instalação básica, de grande importância, exigindo uma atenção e permanência, quase constante, do tratador e/ou gerente da granja. A instalação possui um equipamento, relativamente, mais complexo do que de outras instalações utilizadas dentro da atividade.

Na maternidade a matriz deve ficar contida com segurança e conforto a um equipamento destinado a garantir uma maior viabilidade à segurança dos leitões, quando do nascimento e lactação, evitando que os mesmos venham sofrer um esmagamento causado pela porca, quando esta põe-se a deitar. Esse equipamento denomina-se gaiola maternidade ou cela-parideira, da qual, também faz parte o abrigo escamoteador dos leitões, o aquecedor de leitões e os comedouros e bebedouros da matriz e leitões

PERÍODO DE PERMANÊNCIA DA MATRIZ NA MATERNIDADE

Inicia-se quando a mesma, em gestação, é transferida (5 a 7 dias antes do parto previsto) para a gaiola maternidade e finaliza-se quando os leitões nascidos, são desmamados. Esta fase em que a matriz encontra-se na maternidade, por sua importância, dentro do sistema produtivo, deve merecer todos os cuidados do responsável pelo manejo, o qual, deve estar sempre em alerta buscando diminuir as perdas que ocorrem nesta fase. Estima-se que durante o parto a mortalidade dos leitões, seja de 7% a 10%, podendo alcançar índices bem superiores devido as deficiências de manejo.


MANEJO NA MATERNIDADE "ANTES DO PARTO"

As porcas, na maternidade, devem encontrar um ambiente confortável e de segurança. Os barulhos excessivos, a brutalidade e os gestos bruscos na maternidade são prejudiciais às matrizes, principalmente para as primíparas que são mais sensíveis. Porcas que se mostram agressivas com os leitões, chegando inclusive a matá-los, pode ter como causa o ambiente desfavorável somado a comportamento indevido do tratador.


AÇÕES QUE DEVEM SER OBSERVADAS NA MATERNIDADE ANTES DO PARTO

  • Lavar criteriosamente as baias ou gaiolas que irão receber as matrizes ou marrãs, oriundas de gestação, utilizando escova, vassoura, água e sabão ou detergente.
  • Após lavar a baia ou gaiola maternidade aguardar até que a mesma fique enxuta e posteriormente, pulverizá-la com desinfetante (solução a base de iodophor - usar 80 ml em 20 litros de água), procedendo após, a caiação de toda a baia com água de cal hidratada e creolina (creolina - usar 200 ml em 10 litros de água).
  • Feita a Desinfecção da instalação ou gaiolas maternidade, deixar as mesmas sem animais por um período de 7 dias, cujo período denominamos de vazio sanitário que é importante na profilaxia das doenças.
  • A cada dois meses mudar os desinfetantes quando da pulverização das gaiolas maternidade; alterar os produtos utilizando uma solução de formol a 10% e 0,5% de creolina (em 17,9 litros de água, acrescentar dois litros de formol e cem centímetros cúbicos de creolina). A caiação sempre deve ser realizada, mas sua função é só para demarcar as áreas realmente desinfectadas; não tem função desinfetante.
  • Ao levar as matrizes em gestação para as gaiolas maternidade, recomenda-se agrupá-las de acordo com a data de cobertura, visando empregar o sistema de manejo "Todos-Dentro, Todos-Fora" ou sistema "All-in, All-out", o qual permite preencher cada compartimento da instalação de uma só vez e, posteriormente, esvaziar da mesma forma. Esta prática visa facilitar, a limpeza e melhorar a desinfecção das instalações.

É importante, observar que o emprego desta prática é mais viável em granja a partir de sessenta matrizes, onde a maternidade, geralmente, é separada por "salas", de acordo com o número de grupos de porcas cobertas por semana.

Entretanto, mesmo quando a maternidade é contínua, não sendo separada por grupos de porcas em "salas", deve-se utilizar o sistema "All-in, All-out", bastando para isto, programar o número de porcas a serem cobertas por semana, para termos a entrada e saída dos animais em dias determinados. A prática desse sistema é recomendável para todas as fases da criação (gestação, maternidade, creche, recria e terminação).

  • No abrigo escamoteador dos leitões, também chamado de "creep", observar e testar se a fonte de aquecimento dos leitões está em funcionamento. Os leitões recém-nascidos precisam de uma temperatura de 30 a 32 graus centígrados nos 5 a 6 primeiros dias de idade. Após uma semana de idade, a fonte de calor deve ser ligada sempre que a temperatura cair de 25 graus centígrados.

O aquecimento dos leitões, geralmente, é efetuado por:

  • sistema elétrico incorporado ao piso do abrigo;
  • por lâmpadas infravermelho;
  • por resistências revestidas de louça ou metal.

Estas referidas fontes de aquecimento tem demonstrado bons resultados, desde que bem manejadas.

  • Observar e testar se o sistema de ventilação e/ou arejamento da maternidade está funcionando (cortinas, janelões e ventilação forçada). Com mais conforto as porcas produzirão mais leite para os leitões e estes desenvolverão mais rapidamente.
  • Colocar e manter dentro da maternidade um "termômetro" de máxima e mínima, para medir a temperatura ambiente, visando um melhor controle dos janelões e/ou cortinas, proporcionando uma temperatura mais adequada aos animais. Para as matrizes a temperatura ideal seria em torno de 18 a 20 graus centígrados.
  • Observar e testar o funcionamento dos bebedouros das porcas e leitões. É importante que os leitões e as porcas na maternidade, tenham sempre às suas disposições, água limpa (potável) e fresca.
  • Observar periodicamente o comportamento da matriz, quando na maternidade; uma semana antes do parto as matrizes apresentam sinais mais evidentes da aproximação do mesmo. Normalmente observa-se a congestão e o aumento da sensibilidade das glândulas mamarias e edema da vulva, edema este que evolui de forma gradativa até o dia do parto. As mudanças de comportamento, demonstrando inquietação é notada mais ou menos no terceiro dia antes do parto. O instinto de preparar o "ninho" demonstrando, alternadamente, fases de inquietação e tranqüilidade, ocorre geralmente com início das dores do parto, ou seja, 24 horas ou mais, antes do mesmo. O melhor sintoma para se verificar a aproximação do parto é proceder a ordenha das glândulas mamarias da porca. Obtendo-se uma secreção leitosa em jatos, o parto, em 94% dos casos, ocorre dentro das próximas seis horas.
  • A observação destes sinais são importantes para assistirmos adequadamente as matrizes gestante, quando da realização dos partos.
  • Todos os partos devem ser assistidos pelo tratador ou responsável pela granja a qualquer hora do dia ou da noite. Esta prática, muitas vezes trabalhosa, é muito importante dentro do processo produtivo, pois cada leitão ao nascer representa, aproximadamente, de 50 a 60 quilos de ração, quando consideramos a ração consumida pela matriz no período.
  • A umidade relativa do ar dentro da maternidade, deve ser mantida em aproximadamente 70%. Níveis superiores predispõe os animais, principalmente, os leitões à várias enfermidades. As instalações devem ser mantidas limpas, mas deve-se evitar as lavagens diárias.
  • A iluminação dentro da maternidade não deve ser intensa; as matrizes e leitões ficam mais tranqüilas quando diminuímos a iluminação do ambiente. Para melhor controle da iluminação recomenda-se o uso de reostatos.
  • Nas multíparas, o nascimento entre um leitão e outro tem um intervalo de tempo médio de 10 a 20 minutos e a duração normal do parto é de 3 a 6 horas. Nas primíparas esta duração é menor, talvez devido ao maior tônus muscular observado nos referidos animais.
  • Na espécie suína, a placenta pode sair imediatamente e/ou até uma hora após o nascimento do último leitão. Após este período considera-se como indicativo de anormalidade.
  • A interferência (toque vaginal) no parto deve ser evitada e só deve ser feita quando o intervalo entre o nascimento dos leitões for muito demorado (acima de cinqüenta minutos).
  • A primeira medida para procedermos uma interferência no parto é realizar o toque vaginal para verificar a presença ou posicionamento do feto dentro do aparelho reprodutor e, inclusive retirá-lo quando possível. Alguns suinocultores fazem a aplicação de hormônio ocitocina, visando o aumento das contrações uterinas para expulsão dos fetos, mas este só deve ser utilizado com a garantia de que não existe à saída do feto, pois uma torção de útero, um estreitamento da via fetal óssea ou mole ou a presença de fetos enfisematosos tornaria a ação do referido produto sem efeito e/ou desfavorável para o problema.
  • Certificando-se que não existe obstáculo à saída do feto (após o toque vaginal) recomenda-se a aplicação de ocitocina pela via intramuscular (1 a 3 cm) e aguardar por um período de mais ou menos 20 minutos, quando os estímulos das contrações uterinas deverão ocorrer proporcionando a expulsão dos fetos.

A interferência no parto da matriz suína (toque vaginal) deve ser realizada observando as seguintes recomendações básicas:

- Primeiramente lavar a parte posterior da matriz utilizando água, escova e sabão.

- lavar as mãos e braços com água e sabão.

- Calçar luva própria para realização do toque vaginal.

- Passar sobre a luva uma pequena quantidade lubrificante (óleo nujol ou vaselina líquida).

- Com calma e cuidado, lentamente introduzir a mão no aparelho reprodutor da matriz procurando observar se há algum obstáculo à saída do feto ou se é possível retirá-lo.

  • Preparar a ficha zootécnica que deverá acompanhar a matriz em toda sua vida produtiva. É importante que esta ficha seja preenchida sistematicamente.


MANEJO NA MATERNIDADE DURANTE O PRIMEIRO DIA DE VIDA DOS LEITÕES

Com proximidade do parto a matriz gestante torna-se mais inquieta exigindo mais atenção por parte do tratador ou responsável pela maternidade, o qual, dentro das condições normais, somente deve assistir ao parto, não interferindo no mesmo

Grande parte do sucesso de uma suinocultura deve-se ao manejo desenvolvido nas fases de nascimento e lactação, fases em que os cuidados higiênicos, a alimentação da porca, a temperatura do abrigo escamoteador dos leitões, a temperatura do ambiente na maternidade, o fornecimento e qualidade de água e o conforto das instalações e equipamentos oferecidos aos animais são fundamentais para se evitar as perdas que ocorrem nesta fase.

Alguns estudos demonstram que 25 a 30% dos leitões nascidos vivos morrem até a oitava semana de idade e que 69% das perdas ocorrem durante a primeira semana e acima de 80% no primeiro dia de vida dos leitões.

Várias são as causas destas perdas, entretanto, o esmagamento dos leitões pelas porcas é apontado como a principal causa, atingido 50% das mortes totais, o que nos leva a concluir que o acompanhamento do parto, a qualquer hora do dia ou da noite, deve ser realizado pelo tratador, visando diminuir a mortalidade que ocorre nesta fase.


CUIDADOS COM OS LEITÕES RECÉM-NASCIDOS

  • Enxugar os leitões ao nascer, usando panos limpos ou papel "toalha" absorvente. Deve-se remover as membranas fetais e muco que envolvem o leitão recém-nascido, principalmente das narinas. Algumas massagens devem ser feitas no dorso e região pulmonar dos leitões, para estimular a circulação e respiração imediatamente após o parto.
  • Amarrar e cortar com auxílio de uma tesoura, o umbigo dos leitões, dois dedos (3 a 4 cm) abaixo do ponto de inserção deste e, imediatamente após, mergulhar o umbigo numa solução de iodo a 10%. Ao amarrar o umbigo deve-se ter o cuidado para não tracioná-lo em excesso, caso contrário, poderemos causar uma hérnia umbilical no leitão.
  • Orientar o leitão recém-nascido para a primeira mamada, imediatamente após as operações descritas acima. Todo leitão recém-nascido deve mamar o primeiro leite ou colostro, preferencialmente, até duas horas após o nascimento, para melhor aproveitamento dos anticorpos ou imunoglobulinas formados no organismo da porca, os quais, darão maior resistência aos leitões contra determinadas infecções.

O leitão nasce praticamente sem proteção contra os germes patogênicos; é através da ingestão do colostro que os leitões recebem a proteção contra determinadas doenças, principalmente nas primeiras semanas de vida. A capacidade de absorção de anticorpos, existentes no colostro, pelo leitão tem um tempo limitado, verificando-se uma diminuição logo após o nascimento; observa-se que 24 a 36 horas após o nascimento dos leitões, encerra-se a absorção dos anticorpos devido as células do epitélio intestinal dos mesmos, tornarem-se impermeáveis às imunoglobulinas ou anticorpos encontrados no colostro. Além disto, sabe-se que a composição do colostro modifica-se com rapidez após o parto, demonstrando que a amamentação dos leitões nas duas primeiras horas, após o nascimento, permite estabelecer através da ingestão do colostro, uma maior proteção contra os agentes patogênicos existentes no ambiente.

O colostro além de estimular a imunidade dos leitões, tem função nutritiva e laxativa para os leitões.

  • Ligar e manter a fonte de aquecimento dos leitões em funcionamento. Ao nascer, os leitões, não possuem ainda um sistema termo-regulador desenvolvido, necessitando por isto, de uma fonte de aquecimento nos primeiros dias de vida Segundo alguns autores, a temperatura corporal de um leitão recém-nascido cai em média 2,2 graus centígrados, logo após o parto. Esta perda é diretamente proporcional à temperatura ambiente, ao momento em que começa a mamar e ao peso corporal do leitão.


PROBLEMAS CAUSADOS PELA PERDA DE CALOR NOS LEITÕES RECÉM-NASCIDOS

AUMENTO DO METABOLISMO

Para manter-se aquecido o organismo do leitão gasta grande parte de suas energias metabólicas, as quais seriam gastas para a manutenção do crescimento e, também, do aumento da gordura subcutânea que auxilia contra a perda de calor corporal.

MENOR RESISTÊNCIA À DETERMINADAS INFECÇÕES

Segundo alguns autores, o "stress" provocado pelo frio, aumenta o nível de cortisol no organismo, diminuindo a resistência do mesmo, predispondo-o ás infecções, principalmente, enterotoxigênicas (E. coli e ao vírus TGE).

HIPOGLICEMIA

Sentindo muito frio, o leitão recém-nascido, chega a consumir suas reservas de glicose, entrando num quadro de hipoglicemia. Esta deficiência manifesta-se por baixa temperatura corporal, depressão, debilidade, desidratação e convulsão. Nesta condição, o leitão recém-nascido estará mais sujeito ao esmagamento causado pela porca.

MORTE DOS LEITÕES

Uma queda de temperatura brusca e severa pode, através do "stress" provocado nos leitões, causar a morte dos mesmos, nas primeiras horas de vida.

Procurar manter a temperatura para os leitões de acordo com a faixa etária, nos seguintes níveis:

  • 30 a 32 o C - para leitões de 1 a 7 dias de idade
  • 28 o C - para leitões de 8 a 14 dias de idade
  • 24 o C - para leitões de 15 a 21 dias de idade

A fonte de aquecimento dos leitões (lâmpadas infravermelho de 250 watts ou resistência revestida de louça ou metal) deve situar-se em um canto da baia maternidade ou, preferencialmente, adaptado e junto à tampa ou abertura do "creep".

A altura da fonte de aquecimento em relação ao piso da baia maternidade deve ser regulada de acordo com o comportamento dos leitões (mais ou menos 30 a 40 cm).

É importante observar que a fonte de aquecimento dos leitões, colocada dentro do abrigo escamoteador tem apresentado um melhor resultado quando comparado com fontes de aquecimento colocadas fora do abrigo, devido, principalmente, a distribuição uniforme de calor aos leitões; por evitar os efeitos de correntes de ar; por proporcionar o aquecimento somente dentro do "creep", ficando o restante da baia maternidade com a mesma temperatura ambiente, oferecendo maior conforto para a porca (temperatura ideal para as porcas é de 15 a 18 graus centígrados); por apresentar um custo menor; por proporcionar menor índice de mortalidade de leitões.

Cortar "presas" (dentes) dos leitões recém-nascidos, rente às gengivas, visando proteger as tetas da porca, usando alicate próprio e previamente desinfetado com solução de iodo a 10%. O leitão nasce com oito dentes (chamados de "dente de leite") sendo, quatro caninos e quatro premolares. A dentição permanente completa-se aos 18 meses de idade. Ao cortar os dentes, deve-se ter o cuidado para não cortar a gengiva e/ou língua do leitão. Procurar não deixar que a presas cortadas fiquem pontiagudas ou com bordos cortantes podendo causar ferimentos nas telas da porca, quando da mamada dos leitões.

Recomenda-se que os dentes só devem ser cortados após os leitões terem mamado o colostro.

  • Proceder a caudectomia ou corte da cauda dos leitões recém-nascidos visando diminuir o canibalismo entre os mesmos, quando numa idade mais avançada. O corte da cauda deve ser feito no terço final da mesma com auxílio de um alicate próprio ou tesoura e após, deve-se tratá-lo com solução de iodo a 10%.

Procede-se o corte no terço final da cauda, devido a mesma ser pouco inervada nesta região, sendo praticamente insensível, não estimulando as reações de defesa do animal quando mordido. Quando cortamos o terço final da cauda expomos uma região sensível que causará uma reação de defesa imediata, levando o animal a proteger-se das mordidas que podem desencadear o canibalismo.

É importante observar que o canibalismo é desencadeado por diversos fatores e não apenas pelo fator mencionado.

  • Proceder a marcação dos leitões recém-nascidos, visando a identificação dos mesmos.

A marcação pode ser efetuada através de tatuagem, brincos e piques na orelha.

Entre os diversos sistemas de piques na orelha, o mais comum e utilizado nas granjas de nosso estado é o Sistema Australiano que pode marcar até 1599 leitões sem repetição; os piques na orelha são feitos com auxílio de um alicate especial e com um perfurador circular. O sistema Australiano de Marcação é o método oficial adotado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).

Os piques nas orelhas, estabelecidos pelo método australiano de marcação, são também chamados de "mossas". Estas, representando os números 100, 200, 400 e 800 só podem ser usadas uma vez. As "mossas" 1 e 10 podem ser usadas duas vezes e as que representam 3 e 30 podem ser usadas até três vezes.

  • Procurar reanimar os leitões recém-nascidos, aparentemente mortos, devido a parada de respiração, contudo demonstrando batimentos cardíacos que podem ser notados no lado esquerdo do tórax. Para reanimar os leitões recomenda-se eliminar os líquidos fetais das vias respiratórias com auxílio de panos limpos ou papel absorvente; procurar levantar o leitão pelos membros posteriores e movimentá-los visando a saída das secreções das vias respiratórias; massagens ao nível da região pulmonar, também, devem ser realizados buscando a reanimação do leitão.
  • Proceder a pesagem dos leitões recém-nascidos através de amostragens (10%). O peso médio dos leitões ao nascer deve ser igual ou superior a 1,200 kg. Leitões com peso abaixo de 0,700 kg tem pouca possibilidade de sobrevivência e deve ser eliminado.
  • Manter a baia maternidade, inclusive o abrigo escamoteador dos leitões sempre limpos e secos. A cal hidratada deve ser utilizada para diminuir a umidade, geralmente, observada na baia e "creep" sempre que necessário.
  • Todas as práticas de manejo, realizadas nesta fase (corte dos dentes, marcação dos leitões, corte de cauda, etc) devem ser feitos com o máximo cuidado seguindo todos os proceitos básicos de higiene.


MARCAÇÃO DE SUÍNOS

SISTEMA AUSTRALIANO - Oficializado pela Associação de Criadores de Suínos

A marcação de suínos pelo sistema "australiano" é feita mediante mossas aplicadas nas orelhas. Cada mossa tem um valor convencional. Além das mossas são usados furos que representam os números 400 e 800 como mostram os clichês ao lado. Com o sistema australiano podem ser aplicados os números de 1 a 1.599 da seguinte forma:

ORELHA DIREITA:

Cada pique embaixo da orelha corresponde a 1, em cima a 3, na ponta 100 e no centro 400.

ORELHA ESQUERDA:

Cada pique embaixo da orelha significa 10, em cima 30, na ponta 200 e no centro 800.

A marcação deve ser feita ao nascer ou no máximo quando os leitõezinhos tiverem 15 dias.

OBSERVAÇÃO:

Os piques podem ser usados na seguinte freqüência (máxima): - 100 - 200 - 400 - 800 ------1 vez 1 e 10 -------------------2 vezes 3 e 30 -------------------3 vezes
MANEJO NA MATERNIDADE

Do segundo dia de vida dos leitões até a desmama

O manejo na maternidade do segundo dia de vida dos leitões até a desmama deve, também, buscar eliminar os fatores que limitam a produção de leitões, visando a máxima eficiência reprodutiva.

PRÁTICAS DE MANEJO - Do segundo dia de vida até a desmama

Manter a fonte de aquecimento dos leitões em funcionamento, observando a temperatura adequada para cada faixa etária. Recomenda-se a manutenção de um termômetro e um termostato dentro da maternidade para uma melhor administração das fontes de aquecimento, janelões ou cortinas disponíveis na instalação. O uso do termostato reduz significativamente as despesas com eletricidade.

Manter a maternidade sempre limpa; evitar a umidade; evitar que as fezes fiquem acumuladas nas gaiolas maternidades (trazeiras das porcas).

Sempre que a baia da porca ou abrigo dos leitões estiverem molhados (urina, fezes amolecidas ou água) deve-se proceder a limpeza dos mesmos e secá-los com auxílio de panos (sacos) e/ou cal hidratada. Quando usar a cal como secante não esquecer de varrer a baia e o abrigo dos leitões retirando o excesso de cal.

Procurar uniformizar os lotes de leitões pelo peso, sempre que possível. Matriz com leitegada pequena, ou ruim de leite (produção de leite na porca aumenta até aos vinte e um dias após o parto, declinando após este período), ou que venha a morrer após o parto deve ter seus leitões transferidos, de maneira uniforme para outras matrizes, cuja leitegada tenham a mesma idade que os leitões transferidos, ou que a diferença de idade não seja superior a três dias.

Para proceder a transferência dos leitões deve ser observado se os leitões ingeriram colostro. Preferencialmente, deve-se optar para fazer transferência de leitões velhos para as leitegadas mais novas.

Para misturar leitões de lotes diferentes, deve-se "salpicá-los" com solução de creolina (5 gotas/litro) ou, se possível, esfregar sobre o dorso dos leitões, restos de placenta da porca que receberá os leitões transferidos (mãe adotiva). Esta prática visa evitar que a porca venha repelir os leitões e que ocorra uma rejeição entre os próprios leitões.

A transferência dos leitões deve ser efetuada no máximo, três dias após o parto da matriz adotiva, pois as glândulas mamárias excedentes e/ou não utilizadas, geralmente, entram em involução.

Observar se os leitões estão amamentando normalmente. Sempre que alguns leitões não apresentam o mesmo desenvolvimento médio da leitegada deve-se procurar a causa, que pode estar relacionada com sub-alimentação (problema em uma ou mais tetas), enfermidades do aparelho digestivo respiratório, etc.

Procurar colocar os leitões mais fracos, antes de três dias de idade, a mamarem, nas tetas anteriores. Esta prática deve ser realizada colocando os leitões mais desenvolvidos dentro do "creep" e somente soltá-los, após os leitões mais fracos terem mamado. Este manejo deve ser seguido até a leitegada apresentar-se uniforme e já terem estabelecido a escolha de "suas tetas".

Para estabelecer melhor algumas normas de manejo, é importante observar que as glândulas mamárias peitorais apresentam, em relação as glândulas mamárias abdominais e inguinais, as seguintes características:

  • Produzem leite mais gorduroso e com maior teor de açúcar.
  • Produzem maior volume de leite.
  • A descida do leite é mais rápida, após os estímulos provocados pelos leitões.
  • As tetas são mais compridas e macias, facilitando a sucção feita pelos leitões.
  • Com a matriz deitada, a fileira de tetas junto ao piso, demonstra que as tetas peitorais ficam mais expostas e disponíveis aos leitões.

É importante, também, observar que durante a lactação, os leitões, nos três primeiros dias após o parto, "escolhem" e determinam "suas" mamas ou tetas. Normalmente, se não interferimos, os leitões mais fortes ficam com as tetas peitorais, que conforme demonstramos, possuem algumas vantagens sobre as demais, causando desta maneira uma desuniformização da leitegada.

Mediante uma avaliação funcional e econômica, proceder o aleitamento artificial dos leitões órfãos ou leitões que estão passando por falta de leite (agalaxia na porca) e que não puderam, por algum motivo, serem transferidos para as mães adotivas.

O sucesso desta prática depende, em muito, se os leitões receberam ou não o colostro.

Esta prática de manejo é muito trabalhosa e exige que o aleitamento artificial seja semelhante ao aleitamento natural.

O leitão mama em torno de 20 vezes ao dia; o intervalo entre mamadas é de 60 a 70 minutos e cada mamada demora 20 a 30 segundos, nas quais o leitão mama de 20 a 60 gramas de leite.

Para proceder o aleitamento artificial, recomenda-se como substituto do leite da porca a seguinte mistura;

- 250 ml de leite de vaca / - 1 colher de sopa de nata

- 0,1 a 0,2 gramas de ácido cítrico / - 50 mg de tetraciclina

A quantidade a ser fornecida para os leitões dependerá do desenvolvimento e idade dos mesmos, podendo variar de 20 a 50 ml por leitão, por vez. Fornecer o substituto do leite em torno de 20 vezes ao dia, a uma temperatura entre 37 a 40 ºC. A quantidade da mistura a ser fornecida poderá ser aumentada de acordo com a idade e crescimento dos leitões.

Sete dias após estar fornecendo o substituto do leite da porca, deve-se diminuir a freqüência dos fornecimentos e passar, também, a oferecer aos leitões pequenas quantidades de ração "pre-inicial". A quantidade de ração a ser oferecida deve ser aumentada, gradativamente, conforme o consumo apresentado pelos leitões. A partir de vinte e um dias, dependendo do desenvolvimento dos leitões e consumo de ração, os mesmos poderão ser desmamados.

Aplicar nos leitões, três dias após o nascimento, 100 mg de "ferro injetável" por leitão no músculo do pescoço. É importante que os leitões recebam o ferro suplementar, pois a presença deste elemento no leite (1 mg/litro) é insuficiente para atender a demanda orgânica dos leitões que é de 5 mg por dia. Considerando que a reserva de ferro no organismo do leitão recém-nascido é de 20 mg, pode-se concluir que em cinco dias a reserva do referido elemento se esgotaria para atender a demanda orgânica diária.

A deficiência de ferro no organismo dos leitões causa anemia, provoca a perda de apetite, baixo desenvolvimento dos animais, podendo, nas deficiências mais graves, levar à morte. Observa-se que a deficiência deste mineral somente ocorre nos leitões criados confinados, sobre piso de cimento, sem acesso à terra e que ainda não iniciaram o consumo de ração.

De 7 a 10 dias após o parto, colocar em torno de 100 gramas de ração por dia ("ração pré-inicial") para a leitegada de cada porca. A ração, se possível deve ser colocada em cocho ou sobre o piso do abrigo escamoteador. A quantidade de ração oferecida aos leitões, deve ser aumentada gradativamente, de acordo com o consumo dos leitões até à desmama, ou seja, aos 21 dias. Sempre deve-se procurar retirar as sobras da ração oferecida para que esta não venha a fermentar prejudicando a saúde dos leitões. Este fornecimento de ração, nesta idade dos leitões, visa estimular o consumo da alimentação sólida, preparando os animais para a desmama aos 21 dias de idade.

  • Proceder a castração dos leitões machos aos 10 a 15 dias de idade observando todos os preceitos de higiene. No dia da castração é importante que nenhuma outra prática de manejo (desmama, mudança de baia, etc) seja executada com os leitões, pois o excesso de "stress" poderia predispor os animais às doenças.
  • Desmamar os leitões aos 21 dias de idade. No dia do desmame a porca deve ser conduzida se possível, para uma baia de pré-gestação e os leitões deverão permanecer na baia maternidade de um até sete dias visando minimizar o "stress" e proporcionar uma melhor adaptação à alimentação após a desmama.

A desmama aos 21 dias deve ser realizada em granjas que apresentam um bom estado sanitário e que desenvolvam as práticas de manejo e alimentação corretamente. Para as granjas menos tecnificadas a desmama deve ser realizada mais tardiamente, em torno de 28 a 35 dias, época em que os leitões estarão com o aparelho digestivo mais adaptado a nova alimentação, quando deles é retirado o leite materno.

A vantagem de procedermos a desmama aos 21 dias é sua influência no aumento da produtividade através da diminuição do intervalo entre partos.

A desmama deve ser feita, se possível, no sistema "All-in, All-out", visando um melhor controle sanitário e melhor manejo para sincronização de cios.

  • No dia da desmama não fornecer ração para os leitões; deve ser fornecido somente água de boa qualidade.
  • No dia seguinte, após a desmama, fornecer 50 gramas de "ração pré-inicial" pela manhã e 50 gramas de "ração pré-inicial" à tarde. A ração deve ser oferecida seca.
  • No terceiro e quarto dia após a desmama, a quantidade de ração a ser oferecida aos leitões, deve ser aumentada gradativamente, para que a partir do quinto dia os leitões já possam receber ração (‘pré-inicial") à vontade.
  • Observar o fornecimento e qualidade água para os leitões e matrizes. A água consumida pelos animais geralmente, é proporcional ao consumo de ração seca, com o peso do animal e com as condições do ambiente (frio ou calor). A água deve estar disponível aos leitões desde o primeiro dia de vida, mas o consumo de água pelos leitões é mais observado e necessário a partir de 7 a 10 dias de idade. A água deve ser fornecida fresca e à vontade para os leitões e matrizes.
  • Observar e proceder corretamente a alimentação das matrizes após o parto. É muito importante que as matrizes durante o período de lactação (período de grande desgaste) sejam bem nutridas e que se mantenham num bom estado de carne. Durante o período de lactação a matriz não deve perder mais do que 13% a 15% de seu peso; fêmeas magras ou que apresentam-se desgastadas após o período de lactação, geralmente atrasam o aparecimento ou manifestação de cio, aumentando o intervalo entre partos e, consequentemente, prejudicando a eficiência reprodutiva.
  • Na maternidade, após o parto, alimentar as matrizes da seguinte forma;

No primeiro dia após o parto, oferecer 2,000 kg de ração umedecida ("ração de lactação") por dia e por matriz. Dar metade da ração pela manhã e metade à tarde. Deve-se observar que no dia do parto, geralmente, não é oferecido nenhuma ração à matriz; é oferecido somente água.

  • No segundo dia após o parto, oferecer 2,500 kg a 3,000 kg de ração umedecida por dia e por matriz. Oferecer a ração sempre de forma parcelada (metade pela manhã e metade à tarde).
  • No terceiro dia após o parto, oferecer 3,500 kg a 4,000 kg de ração umedecida, por dia e por matriz.
  • No quarto dia após o parto, oferecer 4,500 kg a 5,000 kg de ração umedecida, por dia e por matriz.
  • No quinto dia após o parto, oferecer 5,500 kg a 6,000 kg de ração umedecida, por dia e por matriz.
  • A partir do sexto dia após o parto, fornecer ração umedecida à vontade para as matrizes.
  • Retirar as sobras de rações umedecidas que ficam nos cochos, procurando evitar que as mesmas venham a fermentar prejudicando a saúde da matriz. Estas sobras deverão ser colocadas nas baias de gestação coletivas e/ou terminação, (não podemos desperdiçar ração, toda sobra dever ser aproveitada).
  • Procurar fornecer para as matrizes em lactação, a partir do sexto dia após o parto, uma terceira refeição que deve ser oferecida à noite, mais ou menos, às 19:00 ou 20:00 horas. A ração ("ração de lactação") deve ser oferecida seca numa quantidade inicial de 1,000 kg por matriz. Esta quantidade deverá ser aumentada gradativamente, conforme o consumo da matriz. Observa-se, de início, que ao estabelecermos esta prática, as matrizes consumirão pouca ração, só aumentando o consumo após adaptarem-se ao trato. Esta prática, visa através do aumento de consumo de ração pelas matrizes, manté-las em bom estado de carne, com boa produção de leite e estimular um rápido retorno ao cio após a desmama (5 a 8 dias).
  • Todos os instrumentos utilizados nas castrações dos leitões e nos partos das matrizes (cordões, anos, agulhas, alicates, tesouras, seringas, etc) deverão ser lavados, desinfectados e mantidos guardados adequadamente.
  • Combater sistematicamente as moscas e ratos através de medidas e produtos específicos.
  • Observar e anotar em fichas próprias todas as ocorrências que houver com as matrizes e suas leitegadas. O controle zootécnico e contábil são indispensáveis.
  • Vacinar os leitões contra "rinite atrófica" aos 7 dias de idade e revacinar à desmama.
  • Vacinar os leitões e matrizes contra a "parvovirose" e "leptospirose", devendo vacinar os leitões à desmama e três semanas após. As matrizes devem ser vacinadas 10 dias após o parto.
  • Vacinar os leitões contra a "erisipela suína" ao desmame e três semanas após.
    MANEJO NA CRECHE

Os prédios ou setores destinados a receber os leitões, após a desmama, são chamados de ‘unidades de crescimento inicial" ou creches conforme comumente é denominado. O período de utilização desta instalação, normalmente, vai da desmama até 65 a 70 dias de idade dos leitões, quando estes atingem em torno de 25 kg de peso vivo por leitão.

Geralmente, os prédios destinados à creche, são construídos próximos ou anexos à maternidade, visando facilitar o manejo dos leitões.

A baia de creche pode ser construída de diversas maneiras (creches com piso ripado de concreto ou metal, creche com 2/3 de piso compacto e 1/3 ripado, etc.), mas a mais funcional e usada pelas granjas tecnificadas são as creches metálicas, tipo gaiolas, onde o piso em forma de gradil (ferro redondo) fica aproximadamente à 60 cm do piso da instalação, possuindo comedouro metálico e bebedouro tipo "chupeta". O tamanho das gaiolas de creche são variáveis, mas normalmente as mais utilizadas são aquelas feitas para receber uma leitegada (10 a 12 leitões), ou, no máximo duas, afim de evitar brigas e competição entre os animais.

Na creche a área necessária para cada leitão varia de 20 a 30 cm por leitão.

De uma maneira geral a melhor creche é aquela em que os leitões não tem contato com as fezes; que não tenha umidade excessiva (máximo de 70%); que não seja fria; que o piso permita um bom escoamento dos dejetos dos leitões; que o ambiente seja ventilado, mas não frio.

É importante observar que é nesta fase que o leitão tem a melhor conversão alimentar, porém é uma fase crítica, que exige atenção e cuidados com o manejo, sanidade e nutrição dos leitões.



ALGUMAS AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS PARA O MANEJO NA CRECHE

Procurar utilizar o sistema "All-in, All-out" visando melhor controle sanitário e uniformização da leitegada.

  • Procurar colocar na gaiola de creche a leitegada de uma, ou, no máximo de duas matrizes. É importante que os lotes de leitões estejam sempre uniformes.
  • Antes dos leitões serem transferidos deverão estar limpos, secos e desinfetados.

As paredes deverão estar caiadas com água de cal e creolina.

  • Observar e manter os bebedouros (tipo chupeta) em funcionamento, providos de suporte para regulagem de altura. Deve-se observar para que os bebedouros fiquem sempre de 2 a 3 cm acima da linha de dorso dos animais. O bebedouro deve ficar a uma altura mínima de 20 a 25 cm do piso da gaiola de creche. Recomenda-se que utilize um bebedouro chupeta para cada 10 leitões nesta fase. Geralmente o consumo de água previsto nesta fase é de 3 litros por dia, por animal. Outros tipos de bebedouro podem ser utilizados, porém o tipo "chupeta" é o mais funcional.
  • Após a desmama, se por algum motivo, os leitões foram transferidos de imediato, para as gaiolas de creche, deve-se proceder o manejo da alimentação conforme mencionamos no ítem anterior (manejo na maternidade). Observar que a restrição alimentar para os leitões deve ser feita, mas com bastante critério, pois os leitões não devem passar muita fome, já que nesta fase, eles alcançam a melhor conversão alimentar.
  • Procurar evitar, no máximo o desperdício de ração pelos leitões. O comedouro deve ser sempre observado; deve estar sempre com ração disponível aos leitões e guardar uma proporção de 3 leitões por divisória do comedouro, cuja largura deve ser de 15 a 18 cm.
  • Procurar fornecer aos leitões, até aos 42 dias de idade, a ração "pré-inicial" à vontade; a ração deve ser oferecida seca aos animais. É importante observar que este tipo de alimentação é recomendável para as granjas que desmamam seus leitões aos 21 dias de idade.
  • Ao mudar a ração de uma fase para outra, deve-se proceder a mudança de maneira gradativa, utilizando a ração misturada por um a dois dias, visando que os animais não venham rejeitar a ração, ou, que a mesma venha causar algum distúrbio intestinal.
  • Após os 42 dias de idade os leitões deverão receber "ração inicial", à vontade, até aos 60 a 63 dias de idade. (ração seca).
  • Aos 60 a 63 dias de idade substituir a "ração inicial" pela "ração de recria".

Fornecer ração a vontade. (ração seca).

  • Aos 65 a 70 dias de idade transferir os leitões da creche para as baias de recria ou crescimento e terminação, as quais já deverão estar limpas e desinfetadas para receber os leitões. É importante que mantenha os lotes de leitões já formados, quando os mesmos forem transferidos da creche para a recria.
  • Colocar, observar e manter a fonte de aquecimento para os leitões. A temperatura na creche deve ser mantida ao redor de 18 a 22 graus centígrados; leitões na creche de 21 a 28 dias de idade necessitam de uma temperatura em torno de 20 a 22 graus centígrados e a partir de 28 dias de idade a temperatura ideal é em torno de 18 graus centígrados. É importante que o ambiente seja arejado, mas na creche não deve haver correntes de ar.
  • Procurar manter o ambiente da creche tranqüilo e com luminosidade diminuída.
  • Observar e manter os canais de dejetos e piso sob as gaiolas da creche, sempre limpos evitando a formação de gases (amônia) para os leitões.
  • Observar e anotar em fichas próprias todas as ocorrências que houver com a leitegada. O controle zootécnico e contábil são indispensáveis.
  • Combater sistematicamente as moscas e ratos através de medidas e produtos específicos.
  • Vacinar os leitões contra a peste suína clássica aos 65 dias de idade.
  • Vacinar os leitões contra a erisipela suína 3 semanas após a desmama.
  • Vacinar os leitões contra a Parvovirose e Leptospirose 3 semanas após a desmama.


MANEJO NA RECRIA E TERMINAÇÃO

As fases de recria e terminação, também chamadas, respectivamente de crescimento e acabamento, são realizadas em instalação, relativamente simples e com menor número de equipamentos destinados ao manejo dos leitões. Nessas fases os animais já apresentam uma maior resistência aos microorganismos patogênicos, uma melhor digestibilidade dos alimentos e, enfim, necessitam de menores cuidados, quando comparados com os leitões nas fases anteriores (creche e maternidade).

Para o melhor desenvolvimento dos leitões na fase recria/terminação, vários tipos de construções tem sido testados: algumas apresentam piso de concreto totalmente compactos com ligeiro desnível em sentido de canaletas de dejetos; outras com piso parcialmente ou totalmente "ripado" sobre canaletas de dejetos que ficam imersas em água e periodicamente esgotadas. Outros tipos apresentam-se com pisos totalmente ripados e sob estes uma canaleta (sem água) com acentuado desnível, permitindo a limpeza quando da descarga dos depósitos d’água, instalados estrategicamente para esta finalidade.

Mais recentemente, principalmente nas regiões quentes e com maior disponibilidade de água, tem-se utilizado, na construção da recria/terminação, o sistema de lâmina d’água, que é feito mediante um rebaixamento do piso de 6 a 12 cm, na parte final da baia, ou seja, na parte oposta ao corredor central de manejo, com aproximadamente, 1,00 m de largura, onde nesta parte rebaixada é colocada uma lâmina d’água que fica à disposição dos leitões, visando minimizar os efeitos do calor e melhoria de manejo dos animais.

Todos esses tipos de construções tem proporcionado bons resultados quando o manejo das

instalações e dos animais são bem executados. Nessas instalações, o importante é observar para que sejam arejadas, que protejam os leitões contra o calor, que o número de animais por baia seja compatível com a área disponível, que o manejo dos dejetos seja facilitado, enfim, que os leitões tenham um ambiente de conforto e sem "stress", obtendo-se por conseqüência um maior ganho de peso e melhor conversão alimentar.

Para a construção da recria/terminação, observa-se que vários suinocultores, principalmente os menores, procedem o manejo dos animais sem mudança de baia durante a fase de recria e terminação. Já nas granjas maiores, as instalações recria e terminação são construídas separadamente, visando melhor manejo dos animais e menores custos (a área necessária por leitão na fase de recria é menor do que a exigida na fase de terminação) quando da construção da granja.

FASES DE RECRIA OU CRESCIMENTO

A fase de recria ou crescimento compreende, aproximadamente, o período entre 70 a 120 dias de idade dos leitões, ou seja, dos 25,000 kg a 60,000 kg de peso vivo. a área necessária para manejo, nesta fase, é em média 0,60 a 0,65 m2 por leitão, dependendo do tipo de piso utilizado.

Nesta fase, quando a criação dos animais é direcionada para o abate, geralmente, não realiza-se a separação por sexo, conforme observamos nas criações destinadas a venda de animais para reprodução, onde os machos não sendo castrados, apresenta libido ou apetite sexual, já aos 3 a 4 meses de idade, exigindo a separação por sexo para não prejudicar o manejo dos animais.

ALGUMAS AÇÕES QUE DEVEM SER DESENVOLVIDAS PARA
O MANEJO NA RECRIA

  • Os leitões deverão ser transferidos da creche para recria com 63 a 70 dias de idade.
  • As baias de recria deverão estar limpas, secas, desinfetadas e caiadas para receber os leitões transferidos da creche.
  • Procurar utilizar o sistema "All-in, All-out" para obter um melhor controle sanitário e uniformidade dos leitões.
  • Procurar evitar, através da uniformidade dos leitões (lotes de leitões transferidos da creche), que a variação de peso dos animais de um lote seja maior que 20% do peso médio dos mesmos, ou seja, 10% abaixo e 10% acima.
  • Procurar realizar todas as operações de manejo, inclusive a transferência dos leitões da creche para o galpão de recria em dias pré-determinados, isto facilita muito as práticas de manejo.
  • Procurar dar o máximo de arejamento às salas de creche, quando da transferência dos leitões para recria, visando minimizar as diferenças de temperaturas entre os ambientes citados.
  • Procurar manter nas baias de recria, lotes com 10 a 20 animais, no máximo.

É importante observar, que é mais fácil manejar e dar uniformidade a lotes menores de leitões, pois a competitividade é menor. O ideal é que os lotes de leitões sejam formados de leitegada, evitando desta forma briga entre os animais agrupados, "stress de adaptação" em excesso e parada ou perda de desenvolvimento dos animais transferidos da creche.

  • Procurar evitar de lavar as baias de recria diariamente. Essas deverão ser raspadas e limpas pela manhã e à tarde todos os dias, com auxílio de enxada, pá, vassoura ou "rodos". A lavação em excesso torna o piso da baia abrasivo, promovendo grande desgaste nos cascos dos leitões, predispondo-os às diversas infecções.
  • Observar e manter os bebedouros (chupetas) em funcionamento, providos de suporte para regulagem de altura. Deve-se observar para que os bebedouros fiquem sempre 2 a 3 centímetros acima da linha de dorso dos animais. Deve-se utilizar 1 bebedouro para cada 10 animais. A água deve ser fresca e de boa qualidade.
  • Procurar manter uma temperatura média de 20 graus centígrados dentro da instalação. Em locais de muito vento e frio intenso, recomenda-se o uso de cortinas para proteger principalmente os animais recém transferidos da creche.
  • Procurar observar e manter sempre ração nos cochos ("ração de recria") à disposição dos leitões. A ração deve ser oferecida seca e à vontade até os 120 dias de idade.
  • Procurar evitar, ao máximo, qualquer desperdício de ração. A ração representa, em torno de 80%, do custo de produção.
  • Substituir a "ração de recria" pela "ração de terminação" a partir de 120 dias de idade e fornecê-la até à venda dos animais. Proceder a mudança de ração de maneira gradativa, utilizando a ração nova misturada na anterior, por um a dois dias.
  • Os comedouros devem oferecer fácil acesso aos leitões, guardando uma proporção de três leitões por "boca" ou divisória. A largura dessas divisórias deve ser de 25 a 26 centímetros.
  • Combater sistematicamente as moscas e ratos através de medidas e produtos específicos.
  • Procurar evitar a permanência nas baias de recria de animais "refugos", doentes ou com lesões graves, visando um melhor controle sanitário.
  • Observar e anotar em fichas próprias todas as ocorrências que houver com a leitegada. O controle zootécnico e contábil são indispensáveis.


FASE DE TERMINAÇÃO OU ACABAMENTO

A fase de terminação ou acabamento compreende, aproximadamente, o período entre 120 a 154 dias de idade dos leitões (capados) ou seja dos 60,000 kg a 100,000 kg de peso vivo.

A área necessária para o manejo dos animais nesta fase é de 0,91 a 1,00 m2 por animal, dependendo do tipo de piso utilizado.

É importante observar que os animais após os 100,000 kg de peso vivo, tem uma conversão alimentar pior, aumentam mais gordura na carcaça e, geralmente, tornam-se antieconômicos.


ALGUMAS AÇÕES QUE DEVEM SER DESENVOLVIDAS PARA
O MANEJO NA TERMINAÇÃO

  • As baias de terminação deverão estar limpas, secas, desinfetadas e caiadas para receber os animais transferidos das baias de recria ou crescimento.
  • Procurar utilizar, como nas outras fases, o sistema "All-in, All-out", visando manter um bom controle sanitário do rebanho.
  • Procurar manter nas baias de terminação os mesmos lotes de animais transferidos das baias de recria.
  • Procurar não lavar as baias de terminação diariamente; observar o mesmo manejo recomendado para a limpeza de recria.
  • Observar e manter bebedouros em funcionamento, providos de suporte para regulagem de altura. Colocá-los 2 a 3 centímetros acima do dorso dos animais. Utilizar 1 bebedouro (chupeta) para cada 10 leitões (capados).
  • Observar e procurar manter uma temperatura média ideal de 18 a 20 graus centígrados dentro dos galpões de terminação.
  • Substituir a "ração de recria" pela "ração de terminação" a partir de 120 dias de idade e fornecê-la até à venda dos animais. Proceder a mudança de ração de maneira gradativa, utilizando a "novas" ração misturada à ração anterior, por um período de dois dias.
  • Os comedouros, como na recria, devem guardar uma proporção de três animais por "boca" ou divisória.

A largura dessas divisórias deve ser de 30 centímetros.

  • Combater sistematicamente as môscas e ratos através de medidas e produtos específicos.
  • Os animais "refugos", doentes ou portadores de graves lesões, devem ser apartados em uma baia própria e, vendidos e/ou sacrificados o mais breve possível, visando um melhor controle sanitário. Deve-se evitar o aumento da pressão de infeção em todas as instalações trabalhadas na granja.
  • Observar e anotar um fichas próprias todas as ocorrências que houver com a leitegada (capados). O controle zootécnico e contábil são indispensáveis.


CUIDADOS COM OS VARRÕES

O manejo de reprodutores, também denominados de varrões ou cachaços, é muito importante dentro da criação de suínos, pois o reprodutor colabora com 50% do material genético de cada leitão nascido. A importância do macho torna-se, individualmente, maior do que a da fêmea dentro de um rebanho, devido o macho poder atender, através de cruzamentos, em torno de 20 fêmeas, produzindo, portanto, 20 vezes mais descendentes. Daí, a importância da introdução de bons reprodutores no rebanho, pois dependendo do nível genético do reprodutor, poderemos beneficiar ou prejudicar o rebanho.


ALGUMAS AÇÕES QUE DEVEM SER DESENVOLVIDAS PARA
O MANEJO DOS VARRÕES

  • Os varrões devem ser adquiridos com 6 a 7 meses de idade para que seja avaliado fisicamente e para que haja melhor adaptação do animal no novo ambiente.
  • Ao ser adquirido, o reprodutor ou varrão, já deve estar com sua baia preparada para recebê-lo, ou seja, a mesma deve estar limpa, desinfetada, seca, bem arejada e com espaço suficiente para a movimentação do varrão (7 a 8 m2).

É importante, para condicionar o varrão à cobertura, colocar nas baias vizinhas, marrãs em idade de aparecimento de cio, possibilitando ao varrão, observá-las, escutá-las e cheirá-las. Isto estimulada a libido dos machos e ao mesmo tempo estimula o aparecimento de cio nas fêmeas.

  • Procurar manter o varrão em baia com piso adequado, ou seja, o piso não deve ser liso e nem áspero. No piso o varrão tem dificuldades de manter-se de pé e o piso áspero provoca desgaste excessivo nos cascos do animal, predispondo-o às infecções.
  • Para evitar os problemas, que eventualmente podem acometer os cascos dos varrões, recomenda-se tratá-los de 10 em 10 dias, fazendo-os passarem por um pedilúvio contendo uma solução a 5% ou 10% de formol.
  • O varrão só deve ser utilizado para a cobertura a partir dos 8 meses de idade, quando o mesmo já se adaptou ao novo ambiente e demonstre já estar condicionado (treinado) a realizar a monta ou cobertura.
  • O condicionamento do varrão jovem à monta, deve ser feito levando uma matriz à sua baia. A matriz deve ser plurípara, de comportamento calmo, de tamanho aproximadamente, ao do varrão e que se encontre dentro do período ideal para aceitar a monta.
  • Procurar realizar as coberturas sempre na baia do varrão; não sendo possível, procurar realizá-las em baias próprias à cobrição e neste caso, deve-se conduzir primeiramente a fêmea à baia de cobrição para depois conduzir o varrão. É importante que o varrão conheça o ambiente do local de cobrição, pois em ambientes desconhecidos o mesmo pode ficar agitado e não realizar uma monta satisfatoriamente.
  • Procurar, antes da realização da monta, higienizar ou remover as secreções e restos de urina que ficam retidos na bolsa prepucial do varrão. Para isto basta fazer ligeira compressão sobre a bolsa prepucial expulsando os referidos produtos.
  • A monta, sempre, deve ser assistida e auxiliada pelo tratador ou responsável pelos animais. é importante verificar a integridade física do pênis quando da realização da monta.
  • Procurar não deixar o varrão cobrir porcas com corrimento ou com infecções no aparelho genital. Caso o varrão venha a cobrir alguma porca com "corrimento vaginal purulento", o mesmo não deve ser colocado para cobrir outras fêmeas, antes que seja submetido a um tratamento específico.
  • Procurar localizar as baias individuais dos varrões, próximas às baias da fêmeas, pois esta prática possibilita estimular o aparecimento de cio nas porcas; permite um manejo mais fácil a cobrição; estimula os varrões à cobertura e permite um melhor controle do cio, facilitando o reconhecimento do mesmo.
  • Procurar alimentar os varrões, fornecendo no máximo 2,000 kg a 2,500 kg de "ração gestação", por dia, por varrão. Evitar que o varrão venha ficar magro ou com peso em excesso. Isto é importante para a boa performance reprodutiva.
  • A ração do varrão deve ser oferecida seca, sobre o piso, no canto da baia, ou, no cocho.
  • O varrão deve ter sempre à sua disposição água fresca e de boa qualidade.
  • Manter os bebedouros (chupeta) em funcionamento, providos de suporte para regulagem de altura. Colocá-los 2 a 3 centímetros do dorso dos animais.
  • Procurar manter uma temperatura, na baia do varrão, em torno de 18 a 20 graus. O excesso de calor prejudica a espermatogênese.
  • Vacinar os varrões contra "rinite atrófica’ de 6 em 6 meses.
  • Vacinar contra a "parvovirose e leptospirose" de 6 em 6 meses.
  • Vacinar contra a "peste suína clássica" anualmente.
  • Vacinar contra a "erisipela suína" de 6 em 6 meses.
  • Varrer diariamente pela manhã e à tarde, a baia do varrão, procurando mantê-la limpa e seca.
  • Procurar manter as instalações livres de môscas e ratos através de medidas e produtos específicos.
  • Procurar combater, sempre que detectar, a sarna e vermes com medidas e produtos específicos.
  • Somente adquirir varrões de fontes idôneas, que se dedicam ao melhoramento genético dos animais. A escolha da fonte fornecedora dos varrões determinará o nível de produtividade do rebanho.
  • Procurar sempre adquirir os varrões de uma mesma fornecedora de animais para reprodução, sobre a qual possa depositar confiança, não só em referência a qualidade genética dos animais, como também em referência ao padrão sanitário dos mesmos.
  • Procurar auxiliar, manualmente, os varrões jovens nas primeiras tentativas de cobertura, se for necessário.
  • Procurar manter um ambiente de tranqüilidade quando da cobertura.
  • Procurar evitar, quando da cobertura, que a matriz torne-se agitada, deslocando-se bruscamente, frustando as tentativas de coberturas feitas pelo varrão jovem.
  • Procurar evitar que o varrão "salte" pela frente ou pelos lados da matriz dificultando monta; para isto o varrão deve ser retirado calmamente, sem assustá-lo.
  • Procurar não deixar a matriz por muito tempo na baia do varrão quando da cobertura, mesmo que as primeiras tentativas de cobertura não tenham sido efetivadas. O tratador ou responsável pelos animais deve ter paciência e voltar à prática em outra hora ou outro dia.
  • Realizar a monta, preferencialmente, nas horas mais frescas do dia.

Procurar não utilizar exageradamente o reprodutor jovem, principalmente no início de sua vida reprodutiva.

  • O número de coberturas por varrão, segundo alguns pesquisadores, é o seguinte:

Varrões até 15 meses de idade poderão realizar 1 cobertura por dia, ou, 8 coberturas por semana, ou, 20 coberturas por mês.

Varrões com mais de 15 meses de idade poderão realizar 2 coberturas por dia, ou, 12 coberturas por semana, ou, 35 a 40 coberturas por mês.

  • procurar não utilizar o varrão durante 4 a 5 dias seguidos, sem proporcionar ao mesmo igual período de descanso.
  • A relação varrão/matriz deve ser mantida, segundo dados de pesquisa, da seguinte maneira; varrões de 8 a 15 meses de idade podem cobrir 10 a 12 matrizes por mês e varrões acima de 15 meses de idade podem cobrir em torno de 35 a 40 matrizes por mês.

Deve-se observar, que nas granjas em que a desmama é realizada em grupo, deve-se ter um varrão, apto para a cobertura, para cada três fêmeas desmamadas.

Na prática, geralmente, recomenda-se a relação de 1 varrão para cada 20 matrizes, entretanto nas criações com mais de 30 matrizes, deve-se considerar mais de 1 varrão para o plantel devido a possibilidade de retorno ao cio de algumas matrizes, sobrecarregando o trabalho do varrão; devido a possibilidade de algum acidente com o varrão, tornando-o incapaz, de realizar a monta no momento preciso; e também para minimizar os riscos de perda de cios (1 cio perdido eqüivale ao custo de 100 kg de ração aproximadamente).

  • Procurar anotar em fichas próprias todas as ocorrências que houver com o varrão. O controle zootécnico e contábil são indispensáveis.
  • Procurar com que o tratador ou responsável pelos animais, seja capaz quando do diagnóstico de cio nas fêmeas e orientações das montas, de reconhecer situações individuais e adaptar o manejo às condições peculiares a seu rebanho. a mão-de-obra é muito importante no manejo das matrizes e reprodutores.
  • Procurar substituir os varrões aos 2 a 3 anos de idade, observando o peso atingido e a capacidade reprodutiva dos mesmos. Quando o peso do varrão atinge incompatível com o peso das fêmeas, recomenda-se quando da cobertura, a utilização de "tronco de monta" para não descadeirar as fêmeas a serem cobertas. Sempre que for viável deve-se ter na grania um varrão jovem e experiente para as marrãs e um varrão mais velho para as matrizes pluríparas.
  • Sempre que for conduzir ou transferir o varrão de sua baia para outra, deve fazê-lo com calma e segurança, utilizando, para isto, de uma tábua de mais ou menos 0,60 cm2 para melhor direcionar o varrão e proporcionar proteção ao condutor do animal. Geralmente os varrões e matrizes são dóceis, mas sempre devemos lidar com segurança.


INDICADORES DE PRODUTIVIDADE

Chamamos de "Indicadores de Produtividade" os índices zootécnicos demonstrados ou calculados, através dos dados obtidos pelo acompanhamento da performance do rebanho, mediante anotações feitas em fichas próprias, sobre o desenvolvimento ou ocorrências acontecidas com o animal ou grupo de animais, desde o nascimento até a venda ou morte dos mesmos.

É importante proceder a verificação e acompanhamento dos indicadores de produtividade periodicamente, pois somente através destes, conseguiremos manter um manejo racional e economicamente viável.

  • Média de Nascidos

É o número de leitões nascidos, dividido pelo úmero de partos.

  • Média de Nascidos vivos

É o número de leitões nascidos vivos, dividido pelo número de partos.

  • Média de Leitões Desmamados

É o número de leitões desmamados, dividido pelo número de porcas desmamadas.

  • Porcentagem de Mortalidade, até a Desmama na Maternidade

É o número de leitões nascidos vivos, das porcas desmamadas, menos os leitões desmamados. Deste restante divide-se pelos leitões nascidos vivos das porcas desmamadas.

  • Partos por Porcas por Ano

É o número de partos do ano, dividido pelo número médio de matrizes do ano.

  • Desmamados por Porca por Ano

É o número de leitões desmamados no ano, dividido pelo número médio de matrizes do ano.

  • Porcentagem de matrizes refugadas

É o numero de matrizes refugadas, dividido pelo número de matrizes do rebanho.

  • Porcentagem de Natimortos

É o número de leitões natimortos, dividido pelo número de leitões nascidos.

  • Porcentagem de Mumificados

É o número de leitões mumificados, dividido pelo número de leitões nascidos.

  • Porcentagem de Mortes de Leitões Mamando

É o número de mortes de leitões mamando, dividido pelo número de leitões nascidos vivos.

  • Porcentagem de Mortalidade na creche

É o número de mortes na creche, dividido pelo número de leitões desmamados.

  • Porcentagem de Repetição de Cio

É o número de primeiras cobrições, mais o número de repetição de cio, sendo o número de repetições de cio, dividido por este total.

  • Desmamados por Gaiola por Ano

É o número de leitões desmamados no ano, dividido pelo número de gaiolas existentes na maternidade.

  • Dias até a Desmama

É a soma da data da desmama no mês, menos a soma da data do último parto; isto dividido pelo número de porcas cobertas no mês.

  • Dias até a cobertura Efetiva

É a soma da data da cobertura do mês, menos a soma da data da desmama do mês; isto dividido pelo número de porcas no mês.

  • Medida de Gordura Corporal

É feita no ponto chamado de P2, que fica entre a última e penúltima costela, a uma distância de 6,5 cm da coluna vertebral. A medida é feita com auxílio de um medidor "ultra-sônico" de gordura. O nível sempre deve estar acima de 10 mm, pois abaixo disto aparecem problemas de reprodução.

Este nível refere-se às linhagens "tipo" carne.


ÍNDICES ZOOTÉCNICOS CONSIDERADOS BONS NA SUINOCULTURA TECNIFICADA ATUAL


Idade de Reprodução (dias)------------------------------------------ 210 a 240

Idade à primeira cria (dias)----------------------------------------- 324 a 354

Intervalo entre desmama e cobrição fértil (dias)----------------------- 5 a 10

Intervalo entre partos (dias)---------------------------------------------- 150

Taxa de concepção ou fertilidade (%)--------------------------------- 82 a 85

Vida útil das matrizes (anos)------------------------------------------------- 3

Vida útil do varrão (anos)----------------------------------------------------- 3

Reforma anual de matrizes (%)------------------------------------------- 33,3

Reforma anual de varrões (%)--------------------------------------------- 33,3

No de parto por porca por ano------------------------------------- 2,35 a 2,43

No de leitões nascidos por parto-------------------------------------- 10,8 a 11

No de leitões nascidos vivos por parto--------------------------- 10,26 a 10,45

No de leitões desmamados por parto----------------------------------- 9,6 a 9,8

No de leitões desmamados por porca por ano------------------------ 22,5 a 23,8

No de cevados por porca por ano-------------------------------------- 22,0 a 23,0

No de leitões desmamados por gaiola por ano-------------------------- 112 a 114

Dias até a desmama---------------------------------------------------- 21

Taxa anual de desfrute (%)--------------------------------------------- 160 a 180

Taxa de mortalidade na maternidade (%)------------------------------- 6 a 8

Taxa de mortalidade na creche (%)------------------------------------- 1 a 3

Taxa de mortalidade na recria/terminação (%)-------------------------- 0,5 a 1

Taxa de mortalidade de matrizes (%)----------------------------------- 3 a 4

Porcentagem de repetição de cio (%)----------------------------------- 12 a 1

Porcentagem de natimortos (%)---------------------------------------- 5 a 6

Porcentagem de mumificados (%)-------------------------------------- 1

Porcentagem de abortos (%)------------------------------------------- 0,6 a 0,8

Porcentagem de matrizes para reposição (1o ano)----------------------15

Porcentagem de matrizes para reposição (2o ano)---------------------- 25

Porcentagem de matrizes para reposição (3o ano)---------------------- 33,3

Porcentagem de matrizes em relação ao rebanho (%)------------------- 10 a 12

eríodo de gestação (dias)--------------------------------------------- 114 a 115

Peso médio dos leitões ao nascimento (kg)----------------------------- 1,35 a 1,40

Peso médio aos 21 dias de idade (kg)---------------------------------- 6 a 6,5

Peso médio aos 42 dias (kg)-------------------------------------------- 12 a 13

Peso médio aos 65 a 70 dias (kg)-------------------------------------- 25 a 30

Peso médio aos 91 dias (kg)-------------------------------------------- 43 a 48

Peso médio aos 120 dias (kg)------------------------------------------ 60 a 65

Peso médio aos 150 dias (kg)------------------------------------------ 95 a 100

Relação varrão/matriz (No)--------------------------------------------- 1/20

onversão alimentar de rebanho (kg)---------------------------------- 2,80 a 3,00

Conversão alimentar de cevado (kg)----------------------------- 2,46 a 2,60

Idade do varrão à 1a cobertura (dias)--------------------------------- 240 dias

Peso do varrão à 1a cobertura (kg)---------------------------------- 120 a 140 kg

Idade da marrã à 1a cobertura no 2o cio (dias)------------------------- 210

Peso da marrã à 1a cobertura no 2o cio (kg)---------------------------- 110

Espessura do toucinho no ponto P2 (1a lactação) em mm--------------- 18 a 20

Nível crítico de gordura corporal no ponto P2 em mm------------------- 10

Comprimento de carcaça (mínimo) - cm-------------------------------- 99 a 100

Espessura de toucinho (máximo) cm----------------------------------- 2,50 a 2,70

Área olho de lombo (cm2)---------------------------------------------- 36 a 38

Ganho diário de peso (mínimo) - gramas-------------------------------- 600 a 650

Número médio de funcionários por matrizes---------------------------- 1/30