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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CASQUEAMENTO DE EQUINOS Introdução Quando as unhas dos seus pés estão muito compridas, você se sente desconfortável e não consegue andar direito. O mesmo acontece com os bovinos, caprinos, eqüinos e outros animais quando os cascos estão muito compridos. Sem cuidados, os cascos ficam muito cumpridos, provocam dores quando os animais ficam de pé ou andam e para prevenir o mal é necessário uma serie de cuidados em especial os eqüinos que por razões são os que mais sofrem desse mal. Hoje o processo evolutivo da forma de pisar dos cavalos, aprumos - aspecto geral e desarmonias, morfologia do casco, equilíbrio do casco e anatomia dos membros, patologias do aparelho locomotor, problemas articulares, problemas de tendão bem como os de ligamentos trazem um preocupação para aqueles que se utilizam do serviço desses animais. CUIDADOS COM OS CASCOS - Limpar diariamente os cascos, especialmente o sulco e comissuras laterais da ranilha, a fim de prevenir afecções, sendo as mais comuns a podridão da ranilha e as brocas de sola ou de muralha; - O casqueamento deve ser iniciado a partir dos 2 meses de idade, principalmente quando for identificado algum tipo de desvio de aprumos. Na foto, notar a retidão dos aprumos posteriores do potrinho, em relação aos aprumos da mãe. - O casqueamento deve ser conduzido em uma periodicidade mensal, podendo ser de tres tipos: - O casqueamento de manutenção objetiva aparar os excessos de crescimento, mantendo o formato natural e o equilíbrio de sustentação dos cascos - Para aumentar a eficiencia do casqueamento podem ser utilizados o angulador de cascos e o angulador das espaduas. O mesmo ângulo medido na inclinação das espaduas deve ser verificado na inclinação das quartelas após o casqueamento dos cascos anteriores - O casqueamento corretivo tem por finalidade corrigir algum tipo de desvio de raio ósseo ou do direcionamento de cascos, sendo o mais frequente o desbalanceamento médio-lateral, que se caracteriza por um crescimento maior de um lado do casco. - O casqueamento ortopédico tem por finalidade corrigir algum tipo de traumatismo (ex.: fissura de muralha) ou de afecção ( ex.: doença do osso navicular) - O ferrageamento, deve ser efetuado em caso exclusivo de necessidade, seja para proteção dos cascos de animais que trabalham em terrenos pedregosos, para correção de desvios muito graves de aprumos, problemas ortopédicos ou para correções de irregularidades na locomoção. O ferrageamento deve ser conduzido a cada 45 dias. Casqueamento A correção de aprumo significa mudança permanente de conformação e não pode ser feita em cavalos maduros. De fato, essas tentativas de correção em eqüinos adultos causam manqueiras imediatas, assim, como, defeitos permanentes em longo prazo. Alguns problemas de conformação podem ser corrigidos em potros e os que nascem com aprumos corretos podem ser mantidos assim. Muitos potros que possuem boas pernas podem se tornar tortos por negligência ou casqueamento impróprio. O segredo de quando e como tentar corrigir pelo casqueamento é ter conhecimento das estruturas chamadas de Placas de Crescimento, que são localizadas perto do final de cada osso na perna do cavalo. Estas placas produzem células que crescem e se alinham de uma certa maneiras, quando se inicia a ossificação, que é a formação óssea. Enquanto as placas estão produzindo cartilagem, são consideradas "abertas", e uma vez que a produção pára, são denominadas "fechadas" e o crescimento pára nesse ponto. As forças sobre estas placas são muito importantes na determinação da conformação e estrutura do cavalo. Pressão normal, equilibrada e constante sobre as placas resultam em um crescimento correto. Portanto, uma pressão desequilibrada possibilita um crescimento errado. Nos casos dos potros com desvio de aprumo, às vezes, é necessário confina-los. Se ele for confinado, o membro tende a se endireitar por si próprio. Se o potro com desvio, for submetido a excessivos exercícios, como, por exemplo, correr atrás da mãe em um pasto grande, a compressão que ocorre sobre as placas excede o normal e o problema se intensifica. Quando se cuida de potros, e extremamente importante manter a pressão natural nas placas de crescimento. Para isso, o trabalho do ferrador é essencial. Antes de fazermos correções, devemos ter certeza de que o potro realmente precisa, sendo recomendado que essa análise seja realizada por um ferrador experiente ou por um médico veterinário especializado na Área de Aprumos. Um detalhe que se deve levar em conta é o fato de que não é natural para os cascos de um potro apontar direto para frente. Os cascos devem estar virados para fora entre 10 e 15 graus, bem como alinhados com a face plana do joelho. Isso porque com o desenvolvimento do tórax, as escápulas vão se distanciando uma da outra, fazendo os membros girarem para dentro. O erro é que grande parte dos criadores, veterinários, ferradores, treinadores e juízes querem que os potros estejam retos desde pequenos e fazem correções para endireita-los, o que não é natural. Quantas vezes já ouvimos dizer: "Meu potro tinha aprumos perfeitos, mas quando cresceu, as mãos (membros anteriores) viraram para dentro". O programa para se manter as pernas (membros anteriores e posteriores) ou para se corrigir desvios de conformação, envolvem três fatores: 1. Deve-se iniciar o casqueamento do potro com poucos meses de idade. Porque o fechamento das placas termina ao redor de seis meses (esse tempo é baseado em radiografias), porém elas podem se fechar antes. O crescimento é muito ativo durante os primeiros cem dias de vida e a produção de cartilagem diminui, conforme se aproxima à época em que ocorre o fechamento das placas. Isso nos leva a crer claramente que a conformação do cavalo pode ser permanente aos seis meses ou menos de idade e, aí, nenhum tipo de casqueamento ou ferrageamento mudará esse quadro. A maioria dos veterinários e ferradores recomenda o casqueamento no primeiro mês em potros normais e nos primeiros 15 dias nos quais apresentam desvios. 2. O casqueamento deve ser feito freqüentemente. Potros com até um ano de idade produzem o dobro de parede do casco que o cavalo maduro. Conforme o casco fica mais comprido, ele se quebra com maior facilidade. Se um lado co casco se quebra, ele terá um desequilíbrio e causará uma pressão desigual nas placas, podendo alterar a conformação. É recomendado casquear os potros normais a cada 15 dias até normalizar os defeitos, quando passam a ser casqueados a cada 30 dias. 3. É preciso haver um equilíbrio apropriado para o casco. Um casco bem equilibrado distribui o peso igualmente e absorve o impacto de uma maneira uniforme. Esse fator é extremamente importante e pode ser obtido em cavalos de qualquer idade. Note bem a diferença: os aprumos só são corrigidos em potros, porém a forma do casco não tem limite de idade para se efetuar as mudanças. Para se corrigir e manter o casco equilibrado é muito importante sempre deixar os talões na mesma altura, não importando o desvio que tiver. Uma prática antiga, de deixar um talão mais alto para corrigir defeitos, funciona apenas para enganar o olho e deformar o casco. Quando se deixa um talão mais alto, ele recebe mais impacto e isso força a corroa para cima e a pinça em diagonal abre, forçando as lâminas a se romperem. É importante lembrar que o casco é vivo e em constante movimento. Se pegarmos os talões com as mãos, conseguiremos movimenta-los. Imagine os cascos correndo, quando movimento deve ter nele? Um estudo realizado pela Universidade de Cornell mostra que o casco viaja a uma velocidade de aproximadamente 96 km/hora e bate no chão com o peso até uma tonelada por centímetro quadrado. Em cavalos selvagens, o choque deste impacto é absorvido pela expansão do casco, a compressão do sangue bombeando o sistema hidráulico dentro do casco e o movimento das pinças, naturalmente arredondadas. Por isso, é virtual manter a integridade das estruturas e equilíbrio do casco. As correções devem ser feitas na pinças, assim mudando a ponta de quebra, sem mudar o apoio dos talões. Se você mudar a direção do ponto de quebra, conseguirá mudar a direção do crescimento. Deve-se casquear o potro normalmente, deixando os casco planos e equilibrados. Feito isso, divide-se o casco bem no centro e grosar a pinça em linha reta, passando um (1) cm do centro, na direção que você quer conduzir o casco a crescer. Ou seja, se o casco está virado para dentro, corta-se do lado de dentro e vice-versa. Este tipo de correção funciona na maioria dos casos, se for feito quando o potro é bem novo. Em casos mais graves, será necessários o uso de ferraduras com extensão. Um casco desequilibrado está predisposto a uma manqueira, e cada vez que se casqueia, deve ser dada atenção especial ao equilíbrio. Muitos ferradores e veterinários deixam as pinças quadradas quando casqueiam potros novos. Isso força um potro de quebra centralizado, um casco mais reto e um vôo (quando o casco deixa de se apoiar no solo durante todo o movimento para frente) e aterrissagem mais balanceado. Este programa afetará as articulações da quartela para baixo. Não há nenhuma evidência de que o casqueamento corretivo influencia as articulações do joelho ou jarrete, porque existem três articulações que absorvem as mudanças antes de atingir o joelho. Os cuidados com os cascos do cavalo Um estudo feito pela América Farriers Association, associação americana que controla o trabalho sobre ferrageamento nos EUA, mostra que mais de 80% das manqueiras das partes baixas dos membros e dos cascos são causadas por "negligência e falta de cuidados". O pior é que a maioria das pessoas teria feito algo para isso não ocorresse, se soubessem que tinham problemas com seus animais. Não importa qual o propósito de se ter um cavalo, ele é um investimento. Sua vida útil ou quanto tempo você usará este animal é um retorno em longo prazo no seu investimento. Se você não se preocupar com os cuidados dos cascos, poderá perder seu investimento rapidamente. A utilidade, a performance e a resistência podem acabar, isto sem mencionar a perda de vontade de trabalhar e cooperar com você. O animal até poderá se tornar agressivo. Imagine: - Você está com os pés doloridos e mesmo assim gostaria de andar com alguém nas suas costas? - Como proprietário você precisa ter conhecimento suficiente para saber se o seu cavalo está tendo a atenção necessária. A seguir, descreve-se alguns itens para se pensar: - Os cascos crescem constantemente e precisam de atenção regularmente. Muitas pessoas deixam o cavalo sem cuidar durante vários meses e só lembram de casqueá-los, quando vão de férias e querem monta-los. Outros mandam ferrar o animal e só trocam as ferraduras quando caem. Você não pode utilizar esse tipo de manejo, sem pagar conseqüências caras no futuro. - Aprenda o máximo que puder sobre cascos. Quando mais você entender, será melhor para você, seu cavalo e ser ferrador. - Eduque seus potrinhos. É importante amansa-los, nas primeiras horas de vida, para que eles fiquem permanentes dóceis. É impossível fazer um bom casqueamento se o cavalo está pulando e dando coices. O ferrador não está sendo pago para amansar cavalos. - Não confunda a responsabilidade do ferrador com a do veterinário. Em casos de doenças, chame o veterinário e, se a doença for relacionada com o casco, o ferrador e o veterinário devem trabalhar juntos. Balanceamento dos cascos. A importância de cascos bem equilibrados na movimentação e saúde do aparelho locomotor. Julio Nottingham Editado Treinador, Consultor e Coordenador do Departamento de Esportes da ABCCMM Quando você olha um cavalo pela primeira vez, o que observa nele? Culturas equestres centenárias dizem que um cavalo deve ser olhado de baixo para cima em primeiro lugar e depois de trás para frente. Esta afirmação mostra que séculos de uso funcional do cavalo os levou a compreender que um dos quesitos mais fundamentais em um cavalo é a sustentação, e por isso temos que olhar um cavalo inicialmente de baixo para cima, afinal de contas, defeitos de aprumo, cascos desequilibrados ou desvios nos membros poderão reduzir consideravelmente seu bem estar e sua vida funcional trazendo também muitos transtornos e gastos que poderiam ser evitados. Definir parâmetros de observação para identificar um casco bem equilibrado é fundamental, pois isso vai interferir diretamente em sua movimentação e desempenho. Devemos também considerar que o balanceamento do casco é apenas um dos aspectos a serem observados no aparelho locomotor. “Os cascos são a base de todo o pilar”. Ao analisar um animal existem muitas variantes a serem consideradas, mas aqui estaremos analisando o balanceamento do casco. Para isso devemos antes aprender a identificar suas partes e então fazer a análise de todos os ângulos. De frente, de lado, por trás e por baixo, observando quando interferir e quando não interferir, afinal de contas, muitas vezes não é preciso fazer correções, mas apenas, manter, dar manutenção. Vejamos então as partes do casco que precisamos conhecer para analisar o balanceamento:
Bom Devemos traçar uma linha ao centro da canela, imaginando um corte que divida por igual os dois lados. Esta linha vai descer e passar também no eixo da quartela e ao centro da pinça do casco. Ë importante verificar também que a pinça do casco deve apontar na mesma direção que o membro. Ruim A linha referencial que corta o eixo da canela encontra desvios na quartela e/ou casco. Perceba que o casco mostrado na imagem ao lado sobra mais de um lado que do outro. Sinal de desequilíbrio. Se o problema for apenas de balanceamento poderá ser corrigido. Vendo o casco de lado – vista lateral (Eixo Z) Bom Todo cavalo nasce com suas particularidades morfológicas. Aqui devemos respeitar o ângulo natural da quartela traçando uma linha no seu eixo e outra alinhada pela muralha do casco. Esta última deverá estar paralela ao eixo da quartela. Ruim Quando o casco faz um eixo diferente, não paralelo ao eixo da quartela. Seja achinelado(demasiadamente deitado) ou encastelado (demasiadamente em pé). Entre a primeira falange, mais próxima ao solo, passando pela segunda, terceira e chegando ao boleto, temos três articulações sofrendo mais intensamente com este desvio. O desequilíbrio também vai causar deformidades no crescimento do casco e muitas vezes a quebra das bordas. Olhando o casco lateralmente podemos visualizar o balanceamento antero - posterior onde devemos equilibrar a altura dos talões e o comprimento da pinça de tal forma que o casco mantenha 40% do apoio na parte anterior e 60% na parte posterior. (Figura 03) Em geral, quando respeitamos o ângulo da quartela, essa relação fica ideal ou próxima do ideal. Vendo o casco por baixo, de sola – vista plantar (eixo Y) Bom A exemplo da observação frontal devemos traçar uma linha no eixo da canela, que passará no centro do sulco central da ranilha. Imaginando também uma linha que percorra o plano dos talões, estes devem estar equilibrados de tal forma que proporcionem um ângulo de 90º com o eixo da canela. Ruim O balanceamento dos talões deve sempre se basear pelo eixo da canela. É comum vermos este balanceamento ser feito apenas comparando o tamanho dos dois talões, o que por vezes vai gerar ou contribuir para um desequilíbrio. Quando isso acontece o apoio estará sacrificado, sobrecarregando mais um lado do casco que o outro, causando deformidades de crescimento, quebras das bordas, desgaste desigual e prejuízos em todo o aparelho locomotor. Intervenções - manutenção ou correção Sentido antero – posterior Basicamente a altura dos talões e comprimento da pinça definem o melhor ângulo. Devemos lembrar que olhando lateralmente o ângulo ideal é aquele que se assemelha ao ângulo da quartela do animal, então o equilíbrio entre altura dos talões e comprimento da pinça deve ser encontrado para um melhor balanceamento. Sentido médio - lateral Lembrando que o plano dos talões e sola devem fazer um ângulo de 90 graus com a linha da canela. A relação de altura entre os quartos direito e esquerdo e a altura entre talões direito e esquerdo vão definir o melhor balanceamento médio – lateral. Conseqüências de um casco desbalanceado: - Sobrecarga de tendões, causando lesões, dores e desgaste prematuro - Sobrecarga de articulações e estruturas ósseas, sacrificando a saúde do aparelho locomotor - Aparecimento de ovas (vazamento do líquido sinovial) - Síndrome do navicular. Muitas vezes sem recuperação - Alterações na dinâmica da movimentação - Eventualmente o animal precisará realizar um esforço maior e por conseqüência desperdiça energia - Influência negativa sobre o desempenho e rendimento Dicas importantes: • O casco, apesar da aparência, é uma estrutura flexível. Possui umidade e tem estruturas importantes que interferem diretamente na fisiologia do cavalo. Quando alguma coisa está errada vai interferir diretamente no bem estar do animal. Imagine algo que lhe causa dor ou incômodo de forma ininterrupta. Isso é o que pode acontecer quando não realizamos uma manutenção correta dos cascos. • Talões O balanceamento antero – posterior e médio - lateral dependem muito dos talões, então é extremamente importante que tenhamos talões suficientes para realizar o balanceamento. Isso quer dizer que se por algum motivo o profissional que está realizando o casqueamento retirar “totalmente” os talões a opção para balancear o casco fica reduzidíssima. Cuidado então para preservá-los em tamanho suficiente a uma boa manutenção do balanceamento. • Ranilha Nunca deve ser cortada demasiadamente. Devemos retirar apenas o material superficial de forma a mantê-la limpa e com os canais centrais e laterais arejados. Ela funciona como uma junta de dilatação do casco, auxiliando também no bombeamento e retorno do sangue. Quando retirada em excesso prejudica a saúde do casco causando também atrofia e contratura dos talões. • Sola Assim como a ranilha deve ser poupada ao máximo. A sola forma uma camada protetora extremamente importante. Quando retirada demasiadamente deixa os cascos muito sensíveis e suscetíveis a lesões, podendo causar dor, sofrimento ao cavalo e muitas vezes o afastamento temporário do trabalho. Alguns animais de forma natural apresentam sola muito rasa e por vezes plana. Estas requerem muito cuidado e são mais suscetíveis a lesões. Devemos insistir na idéia de manter o máximo possível de material. É bom que a sola tenha um bom grau de concavidade. • Muralha A muralha do casco(parede) tem uma espessura variável de animal para animal. Somente quando necessário devemos grosar as paredes, por motivo de correção, por exemplo, mas sempre lembrando que ao retiramos material da parede o casco ficará mais frágil e sensível. Existe também um verniz natural que o protege das intempéries e ajuda a manter a umidade ideal. Devemos manter esta proteção natural tanto quanto possível. • Bordas e talões Quando maior a atividade realizada pelo animal maior é o desgaste. Muitas vezes se torna necessário o uso de ferraduras de proteção. Estas vão propiciar um crescimento do casco, proporcionando material suficiente para um balanceamento adequado. A resistência à abrasão varia de um animal para o outro. Seja por sua fisiologia, intensidade, variedade do trabalho realizado, tipo de solo, ou quaisquer outros motivos devemos tratá-los de forma individual. • Variantes externas que influenciam na qualidade do casco Em regiões mais secas, com menor grau de pluviosidade, como em algumas regiões do nordeste do Brasil, por exemplo, os cascos tendem a ser mais secos e duros. Acontece o contrário em regiões mais úmidas. Diferentes tipos de solo também influenciam podendo ser mais arenosos como regiões de litoral, ou argilosos em regiões de sertão. Portanto, devemos saber que clima, temperatura, tipo de solo, nutrição, manejo, trabalho e características de cada indivíduo interferem diretamente nas características do casco. Devemos então tratá-los de forma individualizada. Também existe uma diferença significativa entre animais que vivem em baias e animais que vivem soltos. Os animais encocheirados requerem limpeza diária por estarem inevitavelmente pisando sobre fezes e urina. Quando criados em confinamento parcial, eles costumam escolher um local do piquete para urinar e defecar e o ato natural de pastejar, se deslocando e escolhendo diferentes lugares para se alimentar mantém o casco mais limpo do que animais de baia. A limpeza diária do casco, bem como a higiene criteriosa das baias é fundamental para evitar brocas, fungos e alterações de umidade natural do casco. • Ferramentas básicas para o casqueamento Casquear requer um grande esforço e condicionamento e portanto ferramentas de boa qualidade diminuem o desgaste físico e economizam tempo. Rineta, torquês e grosa são as ferramentas básicas para casquear. Quando necessárias outras mais serão utilizadas para realizar o ferrageamento. • Potros - quando começar a casquear? Potros devem ser observados desde o dia em que nascem e poucos dias após o nascimento já podem receber as primeiras intervenções se for necessário. Intervenções no balanceamento do casco com vistas a correção de desvios nos membros devem ser feitos até 12 meses de idade. Uma vez realizadas corretamente é possível corrigir desde situações simples a outras mais sérias. Tudo depende do real conhecimento e habilidaded do Ferrador. • O profissional de podologia Como podemos ver casquear um cavalo de forma consciente requer cuidados que só um profissional preparado pode realizar. Existem cursos de ótima qualidade que ensinam desde o casqueamento e ferrageamento básico até quesitos mais avançados como correção de aprumos em potros. Conclusão: Os cascos são a base de toda sustentação dos cavalos e por isso devemos sempre lembrar que um simples casqueamento é algo essencial para o bem estar e saúde do cavalo. Todos nós devemos cuidar bem desse assunto como forma de evitar que sofram e também para que possamos juntos atingir grandes performances e resultados no trabalho, esporte e lazer. Dez Dicas: 1. O técnico deve ter conhecimento elementar de anatomia para não cometer erros básicos e gerar problemas irreversíveis. 2. Ter sempre o cuidado de obedecer o alinhamento do eixo ósseo. Não podemos mudar a estrutura óssea já formada. 3. Lembrar sempre que a estrutura do casco é moldável, por ser mole, enquanto a estrutura óssea é dura. 4. Não retirar muita sola para não invadir a parte sensitiva do casco (é comum cavalo mancar após casqueamento inadequado). 5. Retirar somente o excesso da ranilha “fêmea do caso”, delimitando os sulcos laterais e central da mesma. 6. Nunca retirar as barras(estrutura importante na sustentação do casco). 7. Nunca cortar muito a parede dos cascos. 8. Moldar a ferradura no casco e nuca o casco na ferradura. 9. Nunca colocar ferradura menor do que o casco e depois aparar a sobra do casco (comum com ferradores inexperientes). 10. Os cravos nunca devem ser muito altos, nem muito baixos ( a altura ideal é de 2,5cm na parede do casco). CASQUEAMENTO E FERRAGEAMENTO CASQUEAMENTO O casqueamento corretivo deve se iniciar em animais de 2 meses de idade que possuam desvios considerados mais severos, mas normalmente, em animais de desvios considerados normais iniciamos aos 4 (quatro) meses de idade. Lembrando que só conseguimos realizar as correções de casco até os 12 meses de idade devido ao fechamento das cartilagens que antes eram macias e podíamos “moldar” para corrigirmos os defeitos de aprumos. O casqueamento em potros não se deve tirar muito material, deve-se retirar material aos poucos para ele não sentir dor no local. A ranilha não deve ser cortada devemos apenas limpar o canal ao redor dela, ela serve como amortecedor, e quando o animal caminha ela serve como uma bomba que leva sangue a todo casco fazendo com que este casco cresça corretamente deixando-o sempre bem vascularizado. Na sola devemos tirar apenas a parte morta (bem superficial). Na parede do casco devemos apenas nivelar os cascos para que não ocorram lesões no casco nem nas articulações. O desnivelamento para correção de aprumos deve ser feito apenas por profissionais. Após os 12 meses de idade (1 ano) devemos respeitar os desvios de aprumos somente nivelando os cascos, já que qualquer tentativa de correção nesta fase forçará muito a bolsa que contém o liquido sinovial (que serve como lubrificante das articulações) e esta poderá se romper levando a lesões sérias nas articulações, podendo até impedir a funcionalidade do animal. Vejam na página http://cavalocompleto.com.sapo.pt/w006.htm aqui contém informações de aprumos que devem ajudar bastante na hora de casquear seu animal. Em animais adultos devemos fazer o casqueamento (nivelamento do casco) a cada 30 dias para obtermos melhores resultados. Através do casqueamento podemos também melhorar o desempenho dos animais de pista. Por exemplo, um animal de marcha mais dura (de apoios diagonais) podemos tirar mais casco na região dos talões (parte de trás dos cascos) e deixar um pouco mais na região da pinça (parte da frente do casco), chamamos isso de achinelamento, para melhorar o “amortecimento” através das quartelas que são responsáveis para esta atuação, melhorando desta forma também a movimentação dos membros dos animais, dando assim maior beleza no andamento. Devemos alterar no máximo em 3° para mais ou para menos do que é recomendado para cada animal para evitarmos lesões e afecções de boletos e articulações em geral (veja no primeiro parágrafo sobre ferrageamento). Nem sempre um trabalho feito em um cavalo tem um mesmo efeito em outro por terem angulações diferentes. Podemos sim melhorar o desempenho dos animais com casqueamento ou ferrageamento sempre lembrando que estas alterações logicamente não serão refletidas na produção de filhotes, por isso devemos selecionar sempre os melhores animais dentro dos padrões que pretendemos. Problemas mais freqüentes encontrados nos cascos dos animais Os defeitos mais freqüentes na forma dos cascos são os talões estreitos (contraídos), talões escorridos (adiantados), parede estreita (com mais freqüência na região do quartos), desbalanceamento médio lateral da pinça ou de todo o casco, casco encastelado (talões excessivamente altos), casco achinelado (pinça excessivamente crescida). Não se esqueça: Antes de começar a corrigir qualquer defeito de aprumo, coloque os cascos na sua condição anatômica ideal, ou seja, eixo ântero-posterior alinhado (ângulo do casco igual ao da paleta) e cascos balanceados (metades iguais). FERRAGEAMENTO Primeiro falaremos das angulações já que estas servem tanto para o casqueamento quanto para o ferrageamento: Em animais de marcha batida e centro os membros anteriores (mãos) trabalham normalmente com 55° podendo variar até 52° já que acima dos 55° a tendência de endurecer os animais de marcha aumenta muito. Nos membros posteriores (pés) a angulação média está em torno dos 60°. Na marcha picada a angulação média dos membros anteriores é de 50 a 52° e nos membros posteriores é de 55° podendo ser até menos já que nesta modalidade tem maior prevalência de animais acurvilhados. Não é aconselhado mudar a angulação dos cascos mais de 3° para mais ou para menos em qualquer um dos membros. FERRAGEAMENTO CORRETIVO Atualmente para correção de problemas de desnivelamento mais sério nos cascos temos ferraduras com um parafuso nos talões (parte de trás dos cascos) que o ferreiro poderá regular da maneira que achar conveniente e assim corrigir problemas de joelhos abetos ou fechados comuns em animais de marcha, evitando aquele ferrageamento com meia ferradura que era utilizada há tempos atrás e trazia problemas sérios ao animal com o passar do tempo. Pequenas alterações nas angulações do cavalo de marcha poderão ser terríveis em relação à qualidade da marcha, principalmente nos cascos anteriores. Por isso devemos avaliar muito bem a qualidade e formato dos cascos, desbalanceamento, desvios de aprumos, ângulo de inclinação das quartelas e espáduas, ângulo de inclinação das pernas e dos jarretes além de eventuais deficiências na marcha. CORREÇÕES NOS TIPOS DE ANDAMENTO Na andadura podemos tentar o seguinte: Ferrar as mãos com ferraduras mais pesadas e os pés com ferraduras mais leves ou até sem ferraduras nos posteriores (pés). A segunda tentativa seria a de deixar os talões (parte de trás dos cascos) maiores lembrando sempre dos 3° limites acima do considerado normal para cada cavalo. O terceiro recurso seria colocar uma corrente nas quartelas das mãos com protetor de mangueira ou de couro para não ferir seu animal. Treinar o animal a passo também ajuda muito para ele encartar na marcha. Na marcha trotada já é o contrário da andadura, devemos utilizar ferraduras leves nas mãos e pesadas nos pés, podemos também tirar mais cascos nos talões deixando a pinça maior. A terceira opção seria colocar correntes encapadas com mangueira ou couro nas quartelas dos membros posteriores (pés). Descer morros ajuda demais na dissociação dos animais com diagramas mais diagonais. FERRADURAS DE ALTO DESEMPENHO As ferraduras de alto desempenho ainda não são rotineiramente utilizadas para cavalos de marcha no Brasil. As tradicionais são as ferraduras de pinça quadrada, que exercem a função básica de proporcionar mais retidão aos deslocamentos, o que se reveste de especial importância nos julgamentos de morfologia, na etapa da avaliação dos aprumos. Também servem para melhorar o estilo da marcha, além de eventuais ganhos na regularidade e desenvolvimento. Outros tipos de ferraduras de alto desempenho são as frisadas, que favorecem a melhor aderência, o que pode ser vantajoso em pistas escorregadias. Os desenhos de frisos são variados. Independente de qual seja o andamento desejável, ferreiros nunca devem esquecer os princípios que fundamentam esta técnica especializada que é o ferrageamento. Alguns destes princípios: - As ferraduras devem estar em tamanho apropriado para os cascos, proporcionando suporte homogêneo ao redor dos quartos e talões; - Não pode haver sobras de ferraduras. Estas são como a continuação dos cascos; - Não se prepara o casco para a ferradura, mas sim a ferradura para o casco; - O ângulo do casco não deve variar mais do que três graus em relação ao ângulo natural, sob pena de provocar afecções. Nestes casos, o cavalo precisa se acostumar com a mudança de angulação, que traz estresse imediato sobre os tendões. Qualquer artifício tende a representar solução temporária. A solução permanente é selecionar bons marchadores, de cascaria saudável e bem conformada, bem aprumados, de forte constituição ósseo-muscular, submetidos a um manejo profissionalmente conduzido. FERRADURAS MAIS APROPRIADAS Devemos utilizar ferraduras com 5 ou 6 furos em cada metade da ferradura para podermos realizar as correções, principalmente em animais chamados de “remadores” (que jogam as mãos para fora ao marcharem). A correção deste problema é bem simples e segue o princípio do pêndulo, a pinça voa para o lado mais pesado do casco, sendo assim para balancearmos o casco devemos colocar mais cravos na parte interna da ferradura, por isso o uso de ferraduras com 6 craveiras é mais indicado. Não deixe, também, de devolver o “vernis” das partes lixadas, após a aparação do casco, usando o Cascotônico. Ferrar sem prejudicar Alguns cuidados para ferrar com responsabilidade o seu cavalo estão a seguir: 1 - Conheça o ângulo da paleta do seu cavalo antes de se aventurar cortando o casco. Apare os cascos anteriores (mãos) e tente colocá-los com o mesmo ângulo da paleta. Confira o ângulo dos cascos com um gabarito angulador de casco. Os ossos digitais devem ser alinhados, de forma que colocando-se uma linha reta do meio do boleto e meio da quartela (falanges) ela deve passar pelo emio do casco, alinhada com as suas cânulas naturais (linhas verticais do casco). No casco achinelado as linhas do casco não concindem com este alinhamento da quartela , porque o casco tem ângulo menor do que a paleta e a linha é quebrada para baixo (lado do chão). 2 - Limpe a sola, abra os 3 canais da ranilha de forma a deixar passar o dedo mínimo para entrar ar , obtenha a concavidade da sola e não corte jamais as barras, pois ela são a continuidade da muralha de sustentação e garantem 30% da sustentação do cavalo. 3 - Assegure que os cascos estão balanceados no sentido médio-lateral ( largura) e ântero-posterior ( comprimento). As metades do casco esquerdo, por exemplo, devem ser iguais, assim como os comprimentos desde a pinça até cada um dos talões. Depois confira para que os cascos dianteiros sejam iguais entre si. Quando aparar os cascos traseiros, siga as mesmas instruções. Assim, quando o cavalo coloca o casco no chão ambos os talões apoiam no chão ao mesmo tempo e o casco rola a pinça no meio, o desgaste da ferradura ocorre exatamente na frente e o vôo ou breakover é elegante e para a frente (avante). 4 - Escolha a ferradura de acordo com as necessidades do cavalo e ajuste-a ao casco bem aparado. A ferradura deve proteger toda a muralha de sustentação, apoiando-se até o final do talão, sem obstruir os canais da ranilha e possibilitando expansão da muralha nos quartos e talões. Nos posteriores, a ferradura pode ter ligeiro sobrepasse de talões, nos animais de talões fracos ou escorridos, de forma a dar maior base de sustentação para o cavalo. A mesa da ferradura é escolhida de acordo com a atividade do cavalo. Mesa estreita (filete) para corrida, mesa média ( 17mm) para trabalho, treinamento e lazer e mesas mais largas para esbarro( 25mm) ou tração. O material da ferradura ( aço, alumínio puro, liga de alumínio, poliuretano com alma de alumínio e outros metais especiais), bem como os demais acessórios ( guarda casco, agarradeiras, palmilhas, talonetes e até rampão) devem ser escolhidos de acordo com a atividade , de preferência com conhecimento, para não prejudicar a performance do animal. 5 - Fixe a ferradura com o cravo adequado, escolhido de acordo com a espessura da ferradura e com o canal ou craveira, de forma que a cabeça do cravo fique totalmente embutida na concavidade do buraco ou canal da ferradura. Os dois últimos cravos a serem pregados não devem ultrapassar a "linha do juízo do ferrador", ou seja, a linha imaginária que une o final dos médios do casco, antes dos talões. Complicado? Não. Imagine o meio da ranilha, com o casco levantado, e trace uma linha para os dois lados. Ela passará sobre a muralha de sustentação (onde a ferradura apoia) exatamente no lugar dos últimos cravos, em cada lado da ferradura. Esta é a " linha do juízo do ferrador". 6 - Depois de bater os dois primeiros cravos (ombros) e os dois últimos ( talões) da ferradura, bata o guarda casco (se houver). Apoie o casco com a ferradura no chão e observe se a linha imaginária que passa pelo meio do boleto, da quartela e do casco (eixo ântero-posterior do digital) está reta. Se estiver tudo bem, pregue os demais cravos, lembrando que uma boa ferradura terá, no mínimo, 5 furos de cada lado e furos nos talões para colocar agarradeira ou cravar talonetes , calços para corrigir aprumos ou palmilhas. Ferradura barata com três ou quatro furos de cada lado nem sempre atende as necessidades do seu cavalo. 7 - Por último, mas não menos importante, depois de acabar de fazer o serviço, não esqueça de repor o verniz dos cascos com o CASCOTÔNICO, para devolver também a flexibilidade, incentivar o crescimento e proteger a sola, paredes e ranilha contra as brocas , frieiras e podridão. Estas são as principais dicas para você fazer ou gerenciar o ferrageamento dos seus cavalos. Se os termos usados são familiares a você e ao seu ferrador, parabéns, você está dominando o assunto. Mas, se houver dúvida, venha fazer um curso no Centran Toledo, para aumentar a performance dos seus animais, com o mínimo de afecções. Lembre-se , que o ferrador que não é competente, ferra o dono e o cavalo... Fonte: Centran Toledo - Treinamos ferradores desde 1984. Cursos Mensais: (12) 3922 4921 Sustentação dos eqüino Em se tratando de cavalos domesticados, a grande maioria tem sido vítima dos métodos empíricos e antinaturais de aparação de cascos e ferrageamento, com características que contrariam o processo natural de sustentação mecânica do cavalo. Os prejuízos resultantes, comumente enquadrados nas afecções ou contusões do sistema locomotor, chegam, hoje, à cifra de 80% nos anteriores, que sustentam cerca de 65 a 70% do peso vivo do animal. Em certas fases da locomoção, o animal é suportado por apenas um dos locomotores e os efeitos naturais da concussão e compressão, causadas pelo peso do submetido ao locomotor, são danosos às bases inadequadas do cavalo. As estatísticas conhecidas comprovam a importância de dar ou devolver ao cavalo a sua condição anatômica ideal. Nem sempre o casco aparado empiricamente ou o ferrageamento conseqüente estão dando ao cavalo condições ideais de sustentação, e, os seguintes pecados capitais podem ser identificados: Não conhecer a condição anatômica ideal de cada cavalo antes de incia a aparação de casco e o ferrageamento. Esta condição é dada pelo ângulo da paleta (escápula) com a horizontal, medida pelo nível de escápula ou artro-goniômetro. O eixo ântero-posterior do sistema digital (linha imaginária que divide ao meio o boleto, a quartela e o casco) é quebrado para baixo e não reto como deveria ser, para que o digital suportasse a força de concussão do casco com o solo. Esta característica é o resultado de cascos compridos de pinça longa e t alões baixos (achinelados), que provocam pressão intensa na parte anterior das articulações dos ossos digitais ( falanges), distenção constante de tendões flexores, compressão excessiva da área do osso navicular e alteração do vôo do casco. As barras são, em geral, cortadas pelos casqueadores, que desconhecem as suas funções. Elas são a continuação da muralha de sustentação e têm a finalidade de transmitir o peso para a perifieria do casco e de constituir um escoramento ideal para impedir o estreitamento dos talões e bulbos. A ausência de barras concentra o peso sobre os talões e ranilha. As solas do casco, com os problemas vistos anteriormente, perdem a concavidade, são grossas e planas, sem muita flexibilidade e capacidade para absorver choques e sustentar o peso. A falta de concavidade diminui as ações de expansão e contração do cascos. Como a angulação do casco e sistema digital não é medida e comparada com a condição anatômica ideal do cavalo que é dada pelo ângulo da paleta (escápula), o animal, muitas vezes, não tem o plano de sustentação ideal, colocando o casco de forma inadequada no solo. Esta condição aliada à condição de termos cascos desbalanceados, com metades desiguais, é conhecida como desbalanceamento médio-lateral. A parte do casco que tóca o solo por último é a que se desgasta mais, porque recebe maior esforço e atrito durante o movimento. O desbalanceamento é a causa de cascos tortos, dos vícios de movimentação dos locomotores e dos problemas de aprumos. O casco balanceado deve ter as metades iguais e os comprimentos entre cada talão até a pinça também iguais. A abertura dos canais da ranilha (lateral, central e medial) é fundamental para o arejamento da sola (maior entrada de ar), e facilidade para o movimento de abre e fecha dos talões do casco e do trabalho de junta de dilatação da ranilha. O canal central da ranilha quando fica fechado é foco de frieira ou pododermatite exudativa que amolece a ranilha, provoca mau cheiro e prejudica a performance do animal, sobretudo em piso de areia. Não repor o verniz das partes raspadas pela grosa ou outras ferramentas usada na aparação do casco. O verniz é a proteção que garante a taxa de evaporação e a umidade necessária ao casco. A falta de verniz provoca o ressecamento e as rachaduras, devido a deficiência de keratina. O único produto que incorpora a tecnologia de devolver o vitrificado das partes raspadas é o Cascotônico, que penetra na matéria córnea devido à sua forma líquido-oleosa, tendo, ainda, ação bactericida, fungicida e de enrigecimento controlado do casco e ranilha. O Cascotônico possui em seu principio ceras e óleos vegetais e animais que incentivam o metabolismo de crescimento e renovação dos tecidos. Fonte:Centran Toledo - Treinamos ferradores desde 1984. Cursos Mensais: (12) 3922 4921 Cascos achilenados Com os estudos da biomecânica da locomoção dos eqüínos ficou comprovado que os métodos de aparação de cascos de ferrageamento, empíricos e que não respeitam a condição anatômica ideal dos cavalos, mantêm as pinças compridas e os talões baixos . Este método de aparação utilizado por falta de conhecimento ou por modismo é prejudicial à vida útil dos vários tecidos que compreendem o sistema locomotor, diminuindo a performance e a vida útil dos cavalos atletas. As estatísticas mostram que, de cada 100 problemas diagnosticados nos locomotores, 80% estão nos membros anteriores e a grande maioria do joelho para baixo. A grande causa é a falta de alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta com a horizontal. A pinça longa e os talões baixos, ocasionados pelo ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta ou escápula, provoca um esforço maior de sustentação nos tendões flexores, ou seja, um braço de alavanca maior para suportar o peso de cima para baixo, que tenta jogar o boleto até o chão. Os cavalos mais afetados são os atletas em corridas, salto, laço, esbarro, tambor e apartação, que usam os anteriores na propulsão ou paradas bruscas. O stress é maior no tendão flexor profundo devido ao atrito na região dos ossos sesamóideos e navicular. Imagine o esforço no membro dianteiro em uma remada de mão do cavalo de corrida na reta final, um esbarro de quarto de milha quando o laço tem um novilho preso em sua ponta ou o esforço da puxada para virar o boi em uma vaquejada. Quanto vale errar alguns graus na aparação do casco de um cavalo? A tabela a seguir mostra que cada grau de achinelamento equivale a dezenas de quilogramas a mais nos tendões flexores. Coisa que poucos profissionais têm noção. Os valores a seguir foram estimados para um cavalo atleta de porte médio - 500 Kg de peso vivo (PSI ou BH). Os efeitos podem ser maiores nos animais para hipismo e tração de grande porte. Ângulo Digital Alçamento em graus Alívio tendões(Kg) Alívio (%) 40 40>>60 = 20 129,5 37 45 45>>60 = 15 112,0 32 50 50>>60 = 10 87,5 25 55 55>>60 = 5 49,0 14 58 58>>60 = 2 17,5 5 59 59>>60 = 1 10,5 3 (*) Fonte A .P.Toledo - Alívio nos tendões anteriores de animal de 500 Kg de peso vivo com 350Kg nos anteriores (em repouso), com condição anatômica de 60 graus (inclinação de escápula) e cascos anteriores de comprimento 15 cm. Conclusão: 1 - Respeite a condição anatômica ideal do seu cavalo. 2 - Conheça o ângulo da paleta e procure aparar o casco monitorando o serviço com um gabarito angulador de casco. 3 - Desconfie do profissional que diz ter olho clínico e que não apresenta maiores conhecimentos de sustentação e locomoção. 4 - O erro de apenas 1 grau representa muitos quilos a mais nos tendões flexores do seu cavalo. 5 - O cuidado consciente da aparação e do ferrageamento aumenta a performance do animal e diminui o risco de afecções. 6 - Devolva sempre o verniz raspado pelas ferramentas de aparação. Use o Cascotônico que devolve o verniz, tem ação lubrificante, bactericida e incentivadora do crescimento e renovação da matéria córnea do casco e ranilha. 7 - Com uma aparação adequada dos cascos e com a escolha das ferraduras e dos cravos que atendam as necessidades do cavalo o seu animal terá o máximo de performance com o mínimo de afecções. Fonte:Centran Toledo - Treinamos ferradores desde 1984. Cursos Mensais: (12) 3922 4921 O alcance dos cascos Quando o casco deixa o chão e inicia o seu vôo, dependendo do ser ângulo e do alinhamento do eixo digital (eixo ântero - posterior), o deslocamento do locomotor ou passada pode acontecer de três maneiras básicas. No primeiro caso (Fig. 1A), com o casco aparado naturalmente, quando os ossos digitais estão alinhados e o animal está na sua condição anatômica ideal, o vôo do casco acontece segundo um semi-círculo, com o centro abaixo do plano do solo. É como andar de bicicleta, onde o pé voa elegantemente seguindo sempre a mesma trajetória. O auge do vôo ou ponto mais alto se dá exatamente em frente ao locomotor contrário que se encontra, em baixo, apoiado. Nesta condição o cavalo anda com elegância, avante e com o seu rendimento máximo. No segundo caso (Fig. 1B), quando o eixo digital é quebrado para baixo, indicando um casco com ângulo menor do que a paleta (achinelado), o tendão flexor profundo está mais esticado do que o normal e o casco voa para cima, quando o animal retira o casco do chão, no início do vôo. Neste caso, dizemos que o animal alça o casco ou arpeja. O andamento fica deselegante, como se estivesse batendo tambor e o rendimento fica prejudicado em função do alçamento. No terceiro caso (Fig. 1.C), quando o casco é mais fincado (ângulo do digital maior do que a paleta), o eixo digital é quebrado para cima e o tendão extensor, na parte anterior do locomotor, está sobretensionado. Quando o animal retira o casco do chão, esse tendão tende a aliviar o esforço sobre ele e adianta o ponto máximo da trajetória (vôo do casco). Neste caso, o animal tem andamento rasteiro e chuta a grama ou o chão com a ponta do casco. Este andamento é muito comum nos posteriores dos muares. Desta forma, vemos uma grande quantidade de cavalos que apresentam o problema de sobre alcance ou que batem castanhola quando andam, ou seja, o casco posterior alcança o anterior antes que este saia do chão, no início da passada. Isto acontece quando o casco posterior fincado avança em vôo baixo para a frente (adianta a sua trajetória) e o casco anterior achinelado demora para sair do chão (atrasa a sua trajetória) devido a problemas de aparação incorreta. Da mesma forma, podemos corrigir o problema com a aparação consciente dos cascos, respeitando a condição anatômica ideal do cavalo. A correção é feita, inicialmente, aumentando o ângulo do casco anterior e verificando com o gabarito de casco o ângulo ideal, igual ao da paleta, após a aparação. O mesmo deve ser feito no casco posterior, diminuindo o ângulo do casco e verificando com o gabarito de casco o ângulo ideal, igual ou maior do que a paleta, após a aparação. Assim, a aparação consciente dos cascos evita muitos problemas de locomoção dos cavalos atletas, que podem, ainda, resultar em afecções do sistema locomotor. A Toledo tem produtos, equipamentos e cursos mensais sobre o assunto, formando ferradores há 18 anos no Centran Toledo. Fale conosco Fonte: Centran Toledo - Treinamos ferradores desde 1984. Cursos Mensais: (12) 3922 4921 Casquemanto em potros nos primeiros 6 meses Este artigo foi escrito por Elaine Aparecida Buzato, formada pelo curso de Ciências Eqüinas da PUC do Paraná. O objetivo do estudo é demonstrar os benefícios do casqueamento em potros de até seis meses de vida. A correção de aprumo dos cascos significa mudança permanente de conformação e não pode ser feita em cavalos maduros. De fato, essas tentativas de correção em eqüinos adultos causam manqueiras imediatas, assim como, defeitos permanentes em longo prazo. Mas alguns problemas de conformação podem ser corrigidos em potros e os que nascem com aprumos corretos podem ser mantidos assim. Muitos potros que possuem boas pernas podem se tornar tortos por negligência ou casqueamento impróprio. O segredo de quando e como tentar corrigir pelo casqueamento é ter conhecimento das estruturas chamadas Placas de Crescimento, que são localizadas perto do final de cada osso da perna do cavalo. Estas placas produzem células que crescem e se alinham durante a ossificação, que é a formação óssea. Enquanto as placas estão produzindo cartilagem, são consideradas “abertas”, e uma vez que a produção pára, são denominadas “fechadas”. As forças sobre estas placas são muito importantes na determinação da conformação e estrutura do cavalo. Pressão normal, equilibrada e constante sobre as placas resulta em um crescimento correto. Já uma pressão desequilibrada tem como conseqüência um crescimento incorreto. Alguns aspectos têm que ser considerados: Peso e crescimento - Os potros crescem com rapidez. O ganho de peso acelerado pode dar origem a irregularidades no desenvolvimento dos aprumos, comprometendo o crescimento ósseo. Determinar o quanto essa rapidez se imprime no desenvolvimento do potro facilita a obtenção de melhores resultados na correção de aprumos. O período de crescimento de maior intensidade está compreendido nos primeiros três meses de vida. A intensidade cai lentamente durante os três meses seguintes e também, de novo, nos próximos seis meses. Diversos estudos têm determinado o crescimento dos potros sobre a porcentagem do peso adulto final. Os potros Puro Sangue Inglês, por exemplo, alcançam cerca de 50% do peso adulto aos 6 meses de idade. Tabela 1 – Taxas previstas de ganho médio de peso nos primeiros seis meses de vida. Idade Peso Ganho diário Nascimento 60 kg 30 dias 105 kg 1,5 Kg/d 60 dias 144 kg 1,3 Kg/d 90 dias 180 kg 1,2 Kg/d 120 dias 210 kg 1,0 Kg/d 160 dias 255 kg 0,88 Kg/d 180 dias 260 kg 0,83 Kg/d PC = Peso corporal / GD = Ganho diário O crescimento expressado na forma de ganho médio diário é muito rápido no início da vida e diminui radicalmente quando o cavalo alcança os 18 meses de idade. Nutrição - A deficiência nutricional, excesso ou desequilíbrio de nutrientes afeta adversamente os ossos e as cartilagens. A energia, ao lado da proteína, é o principal fator que influencia a média de crescimento do animal. As médias de crescimento mais rápido exigem concentrações mais altas de nutrientes indispensáveis à síntese dos tecidos. Alta energia significa dietas glucogênicas também altas, que parecem alterar as secreções hormonais normais insulina, triiodotironina (T3), tiroxina (T4). Esses hormônios influenciam o crescimento e a maturação da célula da cartilagem. Restringir a entrada de energia em um cavalo em crescimento irá reduzir a média de crescimento do animal e baixar a necessidade do animal para outros nutrientes essenciais. Cálcio e fósforos são macrominerais essenciais para o crescimento e o desenvolvimento dos ossos em cavalos. A falta da mineralização óssea também ocorre quando existe desequilíbrio entre o cálcio e o fósforo. Discussões e Conclusões Quando se cuida de potros, é extremamente importante manter a pressão natural nas placas de crescimento. Para isso, o trabalho do ferreiro é essencial. Antes de fazermos correções, devemos ter certeza de que o potro realmente precisa, sendo recomendado que essa análise seja realizada por um ferreiro experiente, por um médico veterinário ou por um hipologista. Um detalhe que se deve levar em conta é o fato de que não é natural para os cascos de um potro apontar direto para frente. Os cascos dos membros anteriores devem estar virados para fora entre 10 e 15 graus, bem como alinhados com a face plana do joelho. Isso porque com o desenvolvimento do tórax, as escápulas vão se distanciando uma da outra, fazendo os membros girarem para dentro. Quanto aos cascos dos membros posteriores é natural que sejam levemente voltados para fora. Por ser uma mudança permanente na conformação, a correção não deve ser feita em cavalos adultos, sendo o limite ideal máximo de idade 2 anos, quando as placas de crescimento responsáveis pela formação óssea é interrompido. Daí se compreende a importância do acompanhamento, por parte do ferreiro, do crescimento dos cascos nos potros logo a partir dos primeiros dias. Nesta idade, grosar o casco pode ter um valor incalculável, evitando meses em tentativas de correções dos aprumos. O casqueamento deve ser feito freqüentemente. Potros com até um ano de idade produzem o dobro de parede do casco que o cavalo adulto. Conforme o casco fica mais comprido, ele se quebra com maior facilidade. Se um lado do casco se quebra, ele terá um desequilíbrio e causará uma pressão desigual nas placas, podendo alterar a conformação. É recomendado casquear os potros normais a cada 28 dias e os que apresentam desvios, a cada 14 dias, até normalizar os defeitos. É preciso haver um equilíbrio apropriado para o casco. Um casco bem equilibrado distribui o peso igualmente e absorve o impacto de uma maneira uniforme. Ao contrário do que se pensa, os potros devem ser casqueados já desde os primeiros dias de vida. Quando o acompanhamento é feito de forma correta, os problemas são detectados a tempo de serem corrigidos. Isso acontece porque a estrutura óssea dos animais, até os 6 meses de vida, é extremamente maleável, como se fosse um galho verde, permitindo com isso que através das técnicas corretas de casqueamento, ferrageamento e de cirurgia as correções sejam bem sucedidas.